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Diretamente do condado londrino de Norfolk, onde se encontra em prisão domiciliar, o fundador do WikiLeaks e cyberativista Julian Assange concedeu palestra por telepresença nesta quinta-feira (1º/9), na abertura da segunda edição do Info@trends – foi seu primeiro contato com o público após ter sido detido por acusações de abuso sexual.

Durante sua apresentação, Assange criticou “grandes organizações de mídia do mundo ocidental” como o londrino The Guardian ou o americano New York Times. “Pelo que coletei de experiências em vinte anos de jornalismo, percebi que a oferta de fontes não é o problema. O problema é achar mídias que publiquem a informação de forma sólida.”

Assange citou casos em que, como relatou à plateia do Info@trends, fez um acordo com o The Guardian para subsidiá-lo com informações contidas em vários dos despachos vazados por sua rede de colaboradores e fontes secretas.

“Descobrimos dezenas de telegramas editados pelo jornal, que ocultavam do público todas as evidências de corrupção envolvendo empresas de petróleo da Itália, ou de assassinatos encomendados pelo exército americano no Afeganistão, que porta uma lista de execução sumária de 2 mil pessoas, decisões totalmente incompatíveis com o Estado de direito”, disse.

Para ele, muitos jornais têm medo de sofrer processos enormes que lhes sairiam muito caro, ou ameaças por parte governos ou organizações de poder paralelo, como cartéis de tráfico.

“Acredito que esses veículos precisam verificar se o medo de publicar informações possui algum fundamento: hoje em dia, as pessoas estão com tanto medo que não é necessário nenhum poder real para paralisar a mobilização política da sociedade.”

O jornalista australiano também usou o tempo para se defender de críticas. “Muita gente acusa o WikiLeaks de proteger fontes. Na verdade, ao garantir o anonimato da fonte, nós estamos incentivando outras as pessoas a terem a mesma coragem para abastecer a mídia de informações sobre violações aos direitos humanos.”

Assange também negou ter receio de perder espaço com o surgimento de outros grupos de Leaks. “De modo algum! Estive envolvido na criação de 23 organizações inspiradas em nosso trabalho, principalmente no Leste Europeu e na Tunísia.”

Em sua opinião, a rapidez de disseminação e a influência na opinião pública de redes sociais populares como o Twitter têm um efeito benéfico para a democracia.

“O governo americano gasta bilhões de dólares com ações de comunicação no Iraque, abastecendo a imprensa com fotos e press releases”, argumenta.

“Temos hoje uma juventude que obtém o grosso de seu conhecimento sobre o mundo pela internet, e está radicalizando seu discurso. Essas pessoas, ativas em blogs e no twitter, nos fazem perceber que a população não é tão conservadora a ponto de legitimar governos corruptos. A grande mídia, por sua proximidade com o poder, quer mostrar o contrário.”

Fonte: Info@trends

Publicado em 1/09/2011 -

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