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Levantamento do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos socioeconômicos (Dieese) e da Fundação Seade, divulgado nesta quarta-feira (30), mostrou que a taxa média de desemprego ficou praticamente estável em fevereiro. Os técnicos, por sua vez, afirmam que o desemprego cairá ao longo do ano, ainda que em ritmo mais lento, podendo ficar em um dígito. Em São Paulo, a taxa do mês passado foi a menor para fevereiro em 21 anos.

O estudo aponta um comportamento semelhante do mercado de trabalho ao encontrado na pesquisa apresentada Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), publicada na semana passada, apesar das metodologias diferentes.

O economista Sérgio Mendonça, do Dieese, avalia que a ocupação continuará crescendo, levando à redução da taxa de desemprego, "em velocidade menor do que em 2010". Ele observa que isso é normal à medida que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro crescerá pelo menos três pontos percentuais menos em 2011 – a maior parte das estimativas varia de 4% a 4,5%, enquanto, em 2010, o PIB cresceu 7,5%.

No mês passado, a taxa média das áreas pesquisadas (Distrito Federal e regiões metropolitanas de Belo Horizonte, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Salvador e São Paulo) atingiu 10,5%, ante 10,4% em janeiro. Comparada à de fevereiro de 2010 (12,7%), a taxa recuou mais de dois pontos percentuais. Os resultados sugerem perda de ritmo no mercado de trabalho.

De janeiro para fevereiro, 96 mil pessoas deixaram a População Economicamente Ativa (PEA), estimada em 21,98 milhões. Foram eliminadas 123 mil vagas (-0,6%). Com isso, o número de desempregados aumentou em 27 mil (1,2%) e foi estimado em 2,318 milhões.

Na comparação anual, os números são todos positivos, mas a PEA teve expansão de apenas 0,3%, com 73 mil pessoas a mais no mercado. Foram criadas 545 mil ocupações, crescimento de 2,9%. E o número de desempregados reduziu-se em 471 mil.

O coordenador de análise do Seade, Alexandre Loloian, observou que o movimento de fevereiro foi normal para o período. Alguns fatores contribuem para que a taxa de desemprego não caia e a ocupação estacione nesta época. O país vive um período de incertezas, com governo novo, alta de juros e certa instabilidade internacional, o que contribuiu para que os empresários adotem um postura de cautela.

O ritmo menor da economia se reflete o mercado de trabalho. Em São Paulo, por exemplo, a ocupação perdeu o ritmo desde o final do terceiro trimestre. Em setembro, o nível de ocupação em 12 meses cresceu 4,9% – desde então, só desacelerou, atingindo 2,8% em fevereiro. Isso aconteceu também com a indústria, que estava crescendo mais de 10% ao ano e agora está em 4%. "Estamos exportando muito emprego", disse Loloian.

A taxa na região metropolitana de São Paulo foi de 10,6% em fevereiro, estável ante janeiro (10,5%) e bem menor que a de fevereiro de 2010 (12,2%). Foi a menor taxa para o mês desde 1990 (8,1%). Enquanto na capital a taxa não se alterou (9,8% em janeiro e fevereiro), na região do ABC paulista caiu para um dígito, de 10,1% para 9,6%. Subiu nos demais municípios, de 11,4% para 11,7%.

Nas sete regiões, a ocupação caiu em praticamente todos os setores, à exceção do emprego doméstico. Na comparação com fevereiro do ano passado, a situação se inverteu. O nível de ocupação cresceu 5,3% na indústria (155 mil vagas a mais), 1,2% no comércio (39 mil), 3,1% nos serviços (314 mil) e 7,3% na construção civil (88 mil).

Quanto ao rendimento médio dos ocupados (R$ 1.382), houve queda de 1,7% no mês e alta de 6,1% em 12 meses. A massa de rendimento caiu 2,6% em fevereiro e cresceu 9,9% na comparação com o mesmo período do ano passado.

Para Sérgio Mendonça, o aumento recente da inflação pode ter influência na retração. "Isso pode ter um efeito sobre a corrosão do rendimento real. É preciso aguardar", observou. Quanto à redução da taxa de desemprego para um digíto, tanto ele como Loloian não têm dúvidas que acontecerá. "Só se houver uma situação internacional muito crítica, um outro Lehman Brothers", afirmou o economista do Dieese, referindo-se a banco de investimentos dos Estados Unidos cuja quebra é considerada o marco do início da crise financeira mundial, em 2008.

Rede Brasil Atual

Publicado em 30/03/2011 -

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