Para continuar seu processo de desenvolvimento, o Brasil precisa, acima de tudo, manter sólida a classe média que surgiu nos últimos dez anos. Sob esta premissa, começou hoje (23) a 2ª Conferência do Desenvolvimento (Code), organizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Segundo o ministro de Assuntos Estratégicos, Moreira Franco, a classe média precisa ser sólida e permanente por seu protagonismo, sua força política e pela força econômica que tem. Hoje, 52% da população brasileira constituem a nova classe média, responsável pela entrada de R$ 1,1 trilhão a cada ano na economia, um valor maior do que o do Produto Interno Bruto (PIB) de Portugal, disse o ministro. “”Esses brasileiros têm segurado e sustentado o país para enfrentar os desafios e as crises que o mundo nos tem imposto.”
De acordo com Moreira Franco, para que esse segmento permaneça sólido, e não volte à pobreza, mantendo o ritmo de mobilidade e de crescimento dos últimos dez anos, é necessário garantir preservar os ganhos sociais e insistir na preservação da política econômica de crescimento e desenvolvimento com distribuição de renda”, completou o titular da Secretaria de Assuntos Estratégicos.
O presidente do Ipea, Marcio Pochmann, destacou que, para manter o “cenário de grandiosidade” que o Brasil apresenta, é necessário consolidar e dar continuidade à via democrática, à convergência em torno das transformações de que o país precisa, “”tendo em vista o legado do passado de enorme desigualdade social e regional”, que distanciava ricos e pobres.
De acordo com Pochmann, a ponte para o desenvolvimento brasileiro depende da continuidade do enfrentamento dessas desigualdades e da construção de uma liderança na região sul-americana, para que se possa estabelecer uma moeda de curso internacional, da consolidação de um complexo de defesa das riquezas e da soberania do país. Também é necessária a consolidação de um sistema nacional de inovação, porque a sociedade do conhecimento, para qual se está caminhando, tem como principal ativo a educação do povo, disse Pochmann.
Para ele, desenvolvimento não é mais apenas crescimento econômico, como ocorreu no passado, quando o país não dividia suas riquezas. “”Também não é adotar um padrão de consumo similar ao dos Estados Unidos, porque o planeta não suportaria isso”, ressaltou o presidente do Ipea.
A 2ª Conferência do Desenvolvimento, aberta hoje em Brasília, tem o objetivo de promover um debate nacional sobre o desenvolvimento, com a participação de estudantes, profissionais, agentes públicos, estudiosos, pesquisadores, especialistas, professores e legisladores, entre outros. O encontro termina sexta-feira (25), no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade.
Pedro Peduzzi / Repórter da Agência Brasil
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