O Índice Nacional de Expectativa do Consumidor (Inec), divulgado na quinta-feira (2) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), mostra que o risco do desemprego está desmotivando o brasileiro a consumir.
"A deterioração do mercado de trabalho, que se manifesta no desemprego, foi o ponto mais importante apontado pela pesquisa. Constatamos que para 70% da população o desemprego vai aumentar [51%] ou vai aumentar muito [19%]”, disse à Agência Brasil o gerente de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco.
Para Castelo Branco, “o medo de perder o emprego faz com que as pessoas fiquem mais receosas de consumir, tomar créditos, financiamentos ou assumir prestações”. De acordo com ele, esse temor afeta principalmente o consumo de bens de maior valor, "por dependerem do comprometimento da renda futura”.
O Inec mostra a expectativa dos consumidores para o ano, a satisfação com a vida e as intenções de compras para o trimestre, entre outros indicadores. “Nessa pesquisa em especial buscamos mostrar como o consumidor está se adequando a esse ambiente mais desfavorável da economia internacional e brasileira”, disse o gerente da CNI.
A expectativa de renda pessoal não demonstra tanto pessimismo. A pesquisa aponta que 47% da população têm a expectativa de que a renda não vai mudar. Para 32% dos entrevistados, os rendimentos vão aumentar e para 8% vão aumentar muito. Apenas 13% acreditam que, com a crise econômica, a renda vai diminuir e, para 1%, ela vai diminuir muito.
Essa tendência é confirmada quando a avaliação diz respeito à situação financeira: 47% das pessoas acham que a situação financeira continuará igual e 19% prevêem piora. Para 34%, a situação financeira melhorará (30%) ou melhorará muito (4%).
“Em relação à inflação, talvez haja uma pequena surpresa positiva. Há uma percepção por parte dos indivíduos de que a inflação tende à queda nos próximos meses”, disse o técnico da CNI.
Segundo o Inec, a expectativa do consumidor sobre a inflação melhorou em 1,4% na comparação com último trimestre de 2008. Contudo acumula uma queda de 11,7%, se comparada a março de 2008. “Excetuando-se o observado em dezembro, este índice é o menor desde março de 2001”, explicou Castelo Branco.