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 O corpo do ex-presidente da Argentina, Néstor Kirchner, será velado a partir das 10h (11h de Brasília) desta quinta-feira (28) na Casa Rosada, a sede do governo do país. O marido da atual presidente Cristina Kirchner morreu aos 60 anos na manhã desta quarta-feira (27) na casa da família, na localidade de El Calafate, na Província de Santa Cruz, na região da Patagônia.

Logo após a divulgação da notícia da morte de Kirchner, muitas pessoas começaram a se concentrar na praça de Maio, em frente à Casa Rosada, no centro de Buenos Aires. O corpo do ex-presidente chegou à cidade durante a madrugada. O enterro será na terra natal do ex-presidente, Rio Gallegos. A presidente Cristina disse que “continuará lutando”, segundo um padre que esteve na casa da família.

O país foi pego de surpresa pela notícia, apesar das duas internações de Kirchner neste ano, em fevereiro e setembro, por problemas cardíacos. Na manhã desta quarta-feira, feriado na Argentina por causa do censo nacional, o político passou mal. Ele teve uma parada cardiorrespiratória e foi levado ao hospital de El Calafate, onde morreu por volta das 10h (11h em Brasília), ao lado da mulher Cristina.

O casal tinha dois filhos: Máximo, de 32 anos, e Florencia, de 19 anos, que vive em Nova York.

Líderes lamentam morte

A notícia da morte de Kirchner, que se tornou presidente em 2003, assumindo um país em ruínas após a histórica crise econômica de 2001, causou comoção. O ex-governante era uma personalidade polêmica, tendo atraído simpatizantes e inimigos políticos. Kirchner era considerado o mais provável candidato para as eleições presidenciais de 2011.

Sua morte foi lamentada por vários líderes mundiais, como o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, o da Venezuela, Hugo Chávez, e quase todos os governantes latino-americanos.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que confirmou presença no velório, em Buenos Aires, disse que o argentino foi um “grande aliado” na integração sul-americana. Kirchner era o atual secretário-geral da Unasul (União das Nações Sul-Americanas), com apoio de Brasília. O Brasil decretou luto oficial de três dias.

Kirchner era quase um desconhecido até se eleger presidente

Membro do Partido Justicialista, Kirchner começou sua carreira política como militante da Juventude Peronista, antes de se formar em direito na Universidade Nacional de La Plata, em 1976. Foi lá que conheceu Cristina, sua companheira na vida e na política.

Natural da Província de Santa Cruz, Kirchner se tornou prefeito da capital Rio Gallegos, em 1987. Ficou no cargo até 1991, quando garantiu sua eleição para governador.

Reeleito duas vezes para o cargo, Kirchner viveu sua primeira grande polêmica política em 1998, quando rompeu com o então presidente Carlos Menem, também peronista.

Quando a Argentina ainda tentava se recuperar da histórica crise de 2001, Kirchner se aproveitou da alta rejeição dos políticos tradicionais e se candidatou à Presidência, em 2003. Seu governo foi marcado pela recuperação econômica. O presidente também se envolveu em várias polêmicas, e era um crítico ferrenho do mercado financeiro.

Em 2007, com cerca de 60% de aprovação, graças à recuperação econômica argentina, o ex-presidente indicou sua mulher para concorrer à sucessão. A eleição da então senadora à Presidência, após o governo do marido, foi uma situação inédita na política mundial.

Publicado em 28/10/2010 -

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