Dona Nobéria, moradora da cidade Estrutural (DF), mãe de três filhos, é exemplo de determinação. Desde a morte do marido há sete anos, Nobéria sustenta sua família com apenas R$ 135,00 mensais, dinheiro que recebe do Bolsa Família. Mesmo com dificuldades, ela afirma que é com esse dinheiro que põe comida à mesa, compra remédios e ainda conseguiu transformar seu antigo barraco em uma casa de alvenaria.
A casinha simples, com a fachada verde e branca, destaca-se na rua de chão batido formada, em sua maioria, por barracos de madeira. A cidade, localizada há cerca de 15 km de Brasília, foi construída em cima de um aterro sanitário a partir de uma invasão de catadores de papel. A infraestrutura ainda é precária, mas aos poucos têm melhorado, segundo Nobéria, que já pôde matricular os filhos em uma escola próxima à sua casa.
Intimidada com a reportagem, D. Nobéria perguntou se poderia dar a entrevista enquanto fazia suas atividades domésticas. As dificuldades enfrentadas no dia a dia não lhe tiram o sorriso ao falar dos planos para a continuidade das obras em sua casa. “Coloquei essas telhas para não entrar água em casa e agora vou rebocar a parte de dentro. Quero que meus filhos vivam em um lugar bom, com segurança”.
A família de Nobéria Brito é retrato de muitas outras famílias brasileiras. E o programa Bolsa Família, que completa sete anos hoje (20/10), é muitas vezes a única fonte de renda para essas famílias que vivem em situação de extrema pobreza. Essas famílias utilizam o dinheiro prioritariamente para comprar comida, medicamentos, material escolar e vestuário infantil.
Até o fim de 2010, o Bolsa Família distribuirá R$ 13,1 bilhões a 12,7 milhões de famílias, com um valor médio mensal de R$ 96,00. Esse é o maior número de beneficiados e o maior valor distribuído desde a criação do programa, em 2003. O objetivo, de acordo com a ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Márcia Lopes, é garantir uma vida digna às famílias pobres, de forma a contribuir para a melhoria do país e assegurar uma distribuição de renda mais justa.
Mais do que comida na mesa, o programa de transferência de renda estimula a aproximação da população mais pobre a uma rede de políticas públicas, ao exigir a frequência escolar dos alunos beneficiários e o cumprimento da agenda de saúde. Para dona Nobéria, o incentivo ao estudo dos filhos é a única maneira de garantir um futuro melhor. “Indo para a escola, sei que meus filhos serão alguém na vida, terão uma profissão”, concluiu.