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Encontro reúne ministros do trabalho dos países do bloco econômico e representantes sindicais. Para Antonio Lisboa, debate é importante para que se reconheça o BRICS Sindical e dar voz aos trabalhadores

 

Brasília sedia um encontro para discutir “o presente e o futuro do emprego e trabalho”, com ministros do trabalho e sindicalistas dos cinco países que compõem o BRICS: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

O debate que teve início nesta segunda-feira (16) e vai até a próxima sexta-feira (20), vem num momento importante, já que o Brasil ocupa temporariamente a presidência do BRICS, durante os preparativos para a sua XI Cúpula.

Para o secretário de Relações Internacionais da CUT, Antonio Lisboa , esse debate é importante para que se reconheça o BRICS Sindical, para que a voz dos trabalhadores e das trabalhadoras seja ouvida, num momento em que o Brasil não tem, sequer, ministro do Trabalho, e quem cuida da área é uma subsecretaria da Secretaria do Trabalho, ligada ao Ministério da Economia.

“O que queremos é o reconhecimento na prática do fórum sindical para exigir a  manutenção dos nossos direitos, que têm sido retirados pelo governo brasileiro, a negociação coletiva com os países do bloco e elaborar políticas públicas”, afirma o secretário da CUT.

Em Brasília, estão sendo realizados o fórum de empresários e o fórum sindical, em paralelo ao encontro dos ministros do trabalho.

“O BRICS conta ainda com os fóruns acadêmico, da juventude , que têm participação efetiva na elaboração de propostas para o bloco econômico e, sem reconhecimento oficial do fórum sindical não poderemos agir diretamente e intervir na formulação de propostas para a definição de onde aplicar os recursos, por exemplo”, diz Antonio Lisboa.

Apesar do bloco ser heterogêneo do ponto de vista econômico, cultural e político, os países que o compõem tem em comum a precarização do trabalho, em função das novas tecnologias e nos direitos laborais.

“Os modelos de produção e da industrialização geram pontos em comum aos trabalhadores. Precisamos discutir como o crescimento desses países irá gerar melhores condições de vida e de trabalho”, analisa o dirigente da CUT.

A discussão em Brasília envolve técnicos das nações integrantes do grupo; depois, ministros e vice-ministros. São quatro os temas de discussão: governança de dados do mercado de trabalho; futuro do trabalho inclusivo; liberalização do mercado e o impacto nos mercados de trabalho do BRICS; e promoção de melhores condições de trabalho para um sistema de seguridade social sustentável.

 

Subordinação do governo Bolsonaro aos EUA põe em risco futuro do BRICS

 

O futuro do bloco econômico formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (BRICS) pode estar em risco se o governo de Jair Bolsonaro (PSL) continuar a ser subserviente aos interesses dos Estados Unidos e atacar por motivos ideológicos parceiros comerciais do país, como a China e Rússia. A afirmação é do secretário de Relações Internacionais da CUT, Antonio Lisboa, ao criticar a postura do governo, que ignora a importância do bloco econômico criado em 2006.

“Se você tem um bloco formado por países que têm uma grande capacidade de mercado consumido, com desenvolvimento tecnológico, grandes parques industriais como a Rússia e a Índia e ainda tem a China, a segunda maior economia do mundo, você tem de fortalecer o comércio entre esses mercados”, diz Lisboa, que diz ainda que os cinco países do BRICS são, juntos, responsáveis por 23% do Produto Interno Bruto (PIB) e 18% do comércio mundiais, além de representarem 42% da população do planeta, 45% da força de trabalho e 30% do território.

Lisboa lembra que a criação do bloco, durante o governo Lula, veio da compreensão de um governo progressista que valorizava as relações multilaterais de comércio e estratégicas com os países do sul do mundo.

“É um mercado enorme com produção de tecnologia das mais diversas áreas e com esse entendimento de interesse comercial, de cooperação técnica que o BRICS foi efetivado”, conta o dirigente.

 

BRICS

 

BRIC, no início, era apenas uma classificação utilizada por economistas e cientistas políticos para designar um grupo de países com características econômicas em comum, que levava as iniciais dos quatro países considerados emergentes: Brasil, Rússia e Índia. A África do Sul foi incorporada em 2011, o que modificou a sigla para BRICS (o S vem do inglês South Africa).

As tratativas para a sua criação tiveram início em 2006, durante o primeiro mandato do ex-presidente Lula, numa reunião de trabalho entre os chanceleres dos quatro países à margem da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), que decidiram dar um caráter diplomático a essa expressão, propiciando a realização de ações econômicas coletivas por parte desses países, bem como uma maior comunicação entre eles.

Em 2015 foi criado o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), para oferecer crédito a projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável nos BRICS e em outros países em desenvolvimento, o NDB aprovou, entre 2016 e 2018, 30 projetos num total de US$ 8,1 bilhões.

Nos três primeiros anos de operação da instituição, foram aprovados quatro projetos brasileiros que abrangem as áreas de energia renovável (eólica, solar e hidrelétrica), construção de estradas, reconstrução de rodovia férrea, esgotamento sanitário, telecomunicações e refinarias da Petrobras.

 

Fonte: CUT Brasil | Escrito por: Rosely Rocha | Imagem: Reprodução

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