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Os representantes do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis e do governo federal passaram a trabalhar nas últimas semanas sobre alternativas para minimizar ao máximo o impacto da desativação do aterro do Jardim Gramacho, no Rio de Janeiro, o maior da América Latina.

A unidade, de 1,3 milhão de metros quadrados e no limite da capacidade, está em processo gradual de desativação, e estará totalmente fechada até o fim deste ano. Devido à superlotação, o aterro, localizado em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, oferece risco socioambiental. Funciona 24 horas por dia e, antes do início do processo, mais de 1.200 catadores tiravam seu sustento das 9 mil toneladas de lixo que ali eram despejadas.


De acordo com o presidente da Associação de Catadores do Jardim Gramacho, Tião Santos, atualmente o aterro está funcionando com 30% de sua capacidade e os catadores continuam trabalhando no local. “O rendimento está sendo bem menor, a quantidade de lixo diminuiu e ficou mais complicado encontrar materiais recicláveis”, afirmou Tião.


O governo federal e os representantes do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis fizeram um pacto com objetivo de amparar os trabalhadores do aterro, com projetos atendidos pelo Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) e pela agricultura familiar. “A gente está vendo a questão da qualificação profissional. Estamos buscando alternativas de emprego junto com o Ministério do Trabalho. Para quem deseja continuar trabalhando com reciclagem, estamos organizando cooperativas de catadores.”, explicou Tião Santos.


Na última semana, representantes da Secretaria Geral da Presidência da República  visitaram o aterro do Jardim Gramacho. Um levantamento identificou que pouco mais de 50 catadores não possuem sequer documentação básica. Segundo Tião Santos, os dados desses trabalhadores foram enviados para a Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República (SEDH) e a previsão é de que até o final de março todos possam ter seus documentos regularizados.


Em nota, a coordenadora-geral de Promoção do Registro Civil de Nascimento da SEDH, Beatriz afirma que o desafio é trabalhar em rede. “Somente será possível alcançar os resultados desejados e garantir o direito humano ao nome e ao sobrenome a partir do empenho de todos, já que a situação de vulnerabilidade da população começa pela falta de documentos.” 


Entre as pessoas que trabalham no aterro foram identificadas também muitos idosos e com deficiência. “Para os catadores idosos será criado um beneficio parecido com uma aposentadoria. E para os catadores que possuem alguma deficiência será criado um projeto de inclusão para que eles continuem trabalhando e conquistando seu dinheiro”, explicou Tião. “O catador que coleta material reciclável tem um papel muito importante. A coleta seletiva no Brasil foi criada pelos catadores e a reciclagem é um pilar da sustentabilidade.””


Nesta semana será realizada uma reunião junto à prefeitura e ao governo estadual para discutir o planejamento urbanístico do bairro. A Associação dos Catadores do Jardim Gramacho pretende aproveitar a oportunidade para conversar sobre as condições de  habitação da região e sugerir a construção de conjuntos habitacionais para a população local que em sua maioria são catadores.


Rede Brasil Atual

Publicado em 20/03/2012 -

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