MÍDIA E ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS NA NOVA REPÚBLICA
22/09/2014
No Brasil a quase totalidade dos meios de comunicação é controlada por seis grupos familiares: Abravanel (SBT), Civita (Abril), Frias (Folha de S. Paulo), Marinho (Globo), Saad (Bandeirantes) e Sirotsky (Rede Brasil). As empresas de comunicação “não possuem em suas finalidades o atendimento exclusivo dos interesses da nação”, vivendo de receitas, de lucros e de interesses políticos, empresariais e ideológicos, buscando “a maximização dos lucros, em detrimento da sua antiga função militante; sua militância atual é a da livre empresa, a sociedade de mercado”. Não é novidade, por isso, “dizer que os maiores jornais, revistas e canais de tevê são parciais e defendem os interesses das elites econômicas”. De fato, parece não haver concorrência entre as maiores empresas de comunicação (Veja, Folha de S. Paulo, Globo, Estadão), que entre si repercutem seus “furos de reportagem”, sejam eles comprovados ou não, como ocorreu no episódio do vazamento de partes dos depoimentos prestados na delação premiada do ex-diretor da Petrobras. Vera Guimarães Martins, ombudsman do jornal Folha de S. Paulo, chamou a atenção para a “unanimidade das manchetes” do noticiário nacional do final de semana de 7 de setembro de 2014 e da respectiva fonte. Embora ela considere normal a replicação do “furo de reportagem” pelos meios de comunicação, ressalva ser raro “que grandes escândalos sejam revelados com base apenas em fontes não identificadas, sobretudo quando envolvem acusações nominais, sujeitas a processos de injúria e difamação. E, mais raro ainda que notícia obtida nessas condições ganhe todas as manchetes”. A nosso ver, porém, nada há de raro no episódio e não é mera conspiração enxergar nele outros interesses que não a mera “convicção de que a delação de Costa” deva “detonar um escândalo de grandes proporções, com potencial para pautar a política nos próximos anos”, em relação ao qual “nenhum veículo quer ficar à margem ou parecer irrelevante”, como afirmado pela jornalista. Nas eleições presidenciais de 1994 e 1998, as grandes empresas de comunicação defendiam a eleição de Fernando Henrique Cardoso. Não tinham, por isso, interesse em dar cobertura, tendo sido banidos os debates entre presidenciáveis, “pela negativa de FHC e pela conivência da mídia”. No dizer de Antonio Albino Canelas Rubim, “como por encanto”, esse silêncio “desapareceu de modo notável”, no pleito de 2002, quando a mídia jornalística “atuou vivamente na discussão da verticalização das alianças impostas pelos tribunais eleitorais e, com maior destaque, na construção e no desmonte de (pré)candidaturas. As polêmicas acerca da aliança do PT com o PL; as idas e vindas e as indecisões da candidatura do PSB; as dificuldades da formação da Frente Trabalhista; os embates internos do PSDB entre Serra e Tasso; a dilaceração do PMDB e os problemas da pré-candidatura Itamar Franco; os...