17/09/2012
“A burguesia acorda tarde. Eu saí da cama faz tempo e estou morrendo de fome””, diz José Dirceu ao abrir a porta de seu apartamento, em SP, às 9h de sexta-feira. * Réu no processo do mensalão, ele saiu de circulação desde o início do julgamento e há meses recusa todos os pedidos da imprensa brasileira para uma entrevista. Na semana passada, recebeu a coluna para um café. À mesa, suco de laranja, abacaxi, café com leite, pão e frios. * “”Eu não estou deprimido. Eu não tenho razão para estar deprimido. Eu tenho objetivos, metas, sonhos. Eu acordo às seis da manhã todos os dias. Recebo o resumo das notícias que a equipe do meu blog envia. Eles já sabem o que me interessa. Estão comigo há cinco anos. Funcionamos por telepatia.”” * “”Eu gasto duas ou três horas lendo toda a imprensa brasileira, no iPad e no meu laptop. Depois, escrevo artigos para o blog.”” * Dirceu veste camiseta marrom e calça jeans cinza que estão largas em seu corpo. Está mais magro e com os cabelos mais longos do que o habitual. Perdeu 6 kg. Mas afirma que isso não tem nada a ver com o mensalão. “”Eu faço muita ginástica. Desde 1998, tenho um instrutor.”” * Recentemente, passou a se exercitar todos os dias. Faz esteira, musculação e alongamento na academia do próprio prédio. “”Me sinto bem.”” * A coluna diz que é difícil acreditar que a vida siga tão normal. “”Muita gente me visita. Não tem um dia em que não venham duas, três pessoas me ver, aqui ou na minha casa em Vinhedo.”” * O escritor Fernando Morais, o produtor Luiz Carlos Barreto e o líder do MST, João Pedro Stédile, estão entre as visitas. O ex-presidente Lula liga um dia sim, um dia não, para saber como ele está. “”Não me falta companhia.”” * O julgamento no STF (Supremo Tribunal Federal) entra na reta final. A condenação de Dirceu parece certa. Até seus interlocutores próximos admitem a possibilidade. As penas máximas para os crimes de que é acusado chegam a 15 anos. A Folha revelou que ele já conversou com o ex-presidente Lula sobre a hipótese de ser preso. * “”Que nada, isso não aconteceu””, diz. “”Não é que não tem prova no processo contra mim. Eu fiz a contraprova. Eu sou inocente. Eu confio na Justiça.”” Ele diz saber que, mesmo absolvido, “”isso não vai acabar. Em sete anos [desde que estourou o escândalo], eu não tive a presunção da inocência. Por que vou ter a ilusão de que isso vai ocorrer, mesmo que eu seja considerado inocente pelo Supremo?”” * A coluna pergunta de novo se, ainda que insista em...