Uma comissão da Central Única dos Trabalhadores (CUT) visita hoje (22) as obras das usinas hidrelétricas Jirau e Santo Antônio, em Porto Velho (RO). O objetivo é verificar as condições de trabalho e as possibilidades de negociação com as empresas responsáveis pelas duas obras. “Há denúncias de que a legislação trabalhista não está sendo cumprida tanto na Usina Jirau como em Santo Antônio, principalmente no que se refere às condições de trabalho, que são inadequadas. Os problemas são mais sentidos pelos trabalhadores com origem em outros estados”, disse à Agência Brasil o diretor financeiro da CUT, Wagner Freitas, que se encontra na capital rondoniense.
Segundo ele, os problemas ocorridos em Jirau se deve ao fato dessa obra reunir muitos migrantes, diferentemente de Santo Antônio onde, segundo o sindicalista, cerca de 80% dos trabalhadores são da própria região. "O conflito ocorrido tem como origem a falta de apoio e de sensibilidade das empresas para com eles [migrantes] em especial”. Na semana passada, os trabalhadores de Jirau depredaram ônibus de transporte de funcionários e atearam fogo em vários alojamentos. Muitos equipamentos da obra também foram danificados.
Freitas garante que, ao contrário do que informou a Camargo Corrêa, empresa responsável pela obra de Jirau, os sindicatos tentaram abrir diálogo para discutir a situação e que, de forma nenhuma, as reivindicações seriam uma surpresa. “O Sticcero [Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção Civil de Rondônia] nos garantiu isso”, disse.
“Além de melhores condições de trabalho, os operários reivindicam aumento do valor dos vales-refeições, convênios médicos, melhores salários e apoio logístico e financeiro para os trabalhadores de outras regiões”, disse o sindicalista. “Falta um trato mais adequado às condições de trabalho”, resume.
A Camargo Corrêa, no entanto, nega qualquer desrespeito à legislação trabalhista e garante que a empreiteira não recebeu nenhuma pauta de reivindicação dos funcionários. Por meio de interlocutores, informou o acordo coletivo firmado com o sindicato local está sendo cumprido. Mas reitera o compromisso de avaliar as demandas surgidas a partir das denúncias.
Segundo a empresa, praticamente todos os migrantes que estavam alojados no canteiro de obras de Jirau já deixaram Porto Velho. Faltam apenas cerca de 90 funcionários, que estavam hospedados na casa de amigos ou que perderam a documentação em meio à confusão e aos incêndios provocados pelos manifestantes. A empreiteira está aguardando a conclusão do inventário do que foi destruído para divulgar os prazos para a retomada e para a conclusão das obras.
Agência Brasil