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Se o ministro do STF Gilmar Mendes trabalhasse numa empresa privada, seus chefes o colocariam de férias, no mínimo. Há claros sinais de estresse, destempero emocional, e visão paranoica da realidade que o cerca.

Num país onde a velha imprensa deflagra sucessivas ondas de denuncismo, com linchamentos de reputações, sobre qualquer tapioca ou carona de jatinho para derrubar ministros do poder Executivo, é óbvio que um inquérito de uma operação da Polícia Federal vazada na internet, contendo citações sobre vôos de jatinho junto com o senador Demóstenes Torres, e de comemorações pelo ministro puxar um processo de R$ 2 bilhões para o STF, seria objeto de noticias.

Ressalte-se, o noticiário que vi sobre Gilmar Mendes, mesmo nos chamados blogs sujos, sempre lhe concedeu o benefício da dúvida. Limitou-se a narrar os fatos, e em alguns casos, cobrar explicações republicanas, e em outros, emitir opinião, muitas vezes ácidas, em forma de humor, mas não vi ninguém pré-condená-lo, como, por exemplo, a revista Veja fez com o Lula na matéria sobre o encontro com o próprio Gilmar Mendes.

Diante disso, o ministro do STF passou a enxergar fantasmas. Em entrevista ao jornal Estadão, fica evidente a “”paranoia”” do ministro:

Estadão: – Quem está abastecendo o ex-presidente Lula?

Gilmar: – Eu imagino que esse grupo de pretensos investigadores de CPI e coisa do tipo. Fala-se até que o Paulo Lacerda o está assessorando.(…)

Estadão: – Na conversa com o ex-presidente foi citado o nome de Lacerda?

Gilmar: – … O Jobim perguntou ao Lula, ‘e aí, e o Lacerda?’ O Lula respondeu: ‘Está chegando, está voltando’. Agora a ficha caiu para mim. Recebi notícias confirmando que (Lacerda) está prestando serviços ao PT na CPMI…

(…) Eu tive uma informação, em 2011, que o Paulo Lacerda queria me pegar.

Depois, Paulo Lacerda rebateu ao ser ouvido pelo mesmo jornal: 

Eu acho que o ministro Gilmar Mendes, se ele falou isso, está totalmente desinformado em relação à minha vida e ao meu trabalho. Eu não tenho nenhuma relação com partido político. Nunca tive e não tenho. E não presto assessoria nenhuma para o Partido dos Trabalhadores. Eu trabalho hoje na iniciativa privada, na área de segurança privada. Não tenho nenhum contato hoje com esse pessoal de investigação. Não tenho mantido contato nenhum sobre esse assunto. (…) Retornei ao Brasil há um ano e três meses. Eu me aposentei, não tenho mais nenhum vínculo com a Polícia Federal. Não trabalho com investigação. (…) Eu não presto assessoria a nenhum partido político e não presto assessoria ao PT. Não teria nada demais se prestasse, mas isso não é verdade. Sei que existe um jogo político aí. Eu não sou político, não faço parte desse tipo de coisa. Lamento que o ministro tenha dito isso.

Como se vê, o ministro está surtando. É óbvio que ele se tornou notícia dentro do escândalo Cachoeira com o vazamento do inquérito na internet, o que ocorreu bem antes de a CPI ter acesso aos inquéritos. E com a experiência que ele tem no mundo jurídico, deve saber que a probabilidade maior é de algum advogado de defesa ter vazado, justamente para arrolar o maior número possível de nomes ilustres, de forma a haver mais gente interessada em anular as provas.

Se o noticiário sobre a CPMI do Cachoeira estava incomodando o ministro, bastaria convocar um entrevista coletiva e dirimir as dúvidas a seu respeito. É assim que funciona a vida republicana nas melhores democracias. Os poderosos também são questionados, e devem explicações ao distinto público.

Autor: Helena Sthephanowitz, especial para a Rede Brasil Atual

Publicado em 1/06/2012 -

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