O 1º Encontro de Blogueiros e Ativistas Digitais de Santa Catarina foi realizado dia 27 de novembro, no Auditório Elke Hering, da Biblioteca Universitária da UFSC — Campus da Trindade, em Florianópolis, às 14h30. Depois das 17h30 foi transferido para as salas Pitangueira e Aroeira, do Centro de Eventos. O motivo da mudança foi o calor resultante do ar-condicionado defeituoso.
O debate sobre “Conjuntura da Mídia Catarinense” foi realizado entre os jornalistas e professores Nilson Lage, Elaine Tavares e professor Milton Pomar. O presidente do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, jornalista Altamiro Borges, falou sobre a “Conjuntura da Mídia Brasileira”. Segundo Borges, “o Brasil nem chegou ao capitalismo, está ainda no Feudalismo. São sete famílias que detém a imprensa brasileira”.
Destacou o enfoque dado pela imprensa à política nacional, especificamente sobre verba publicitária e o temor de tocar em assuntos econômicos. Como exemplo, usou a Auditoria da Dívida Pública, que nenhum governante pensa em fazer. “Dilma foi à festa de aniversário da Folha de São Paulo – justo a Folha que mostrou a falsa ficha criminal dela na capa. Ela não queria bater nos bancos nem na imprensa. A esquerda política brasileira pecou porque não usou o espaço para discutir as questões prioritárias. O governo é o principal culpado, mas nós poderíamos fazer mais”, resumiu.
Lembrou que a regulação da comunicação existe no mundo inteiro. Nos Estados Unidos, desde 1920 existe a FCC, que já cancelou outorgas de mais de 100 canais de TV. No Reino Unido, desde a mesma época, a Ofcom funciona. “Pois até a bolivariana, chavista radical da Rainha Elizabeth II criou a regulação! Falou mentira, direito de resposta! No Brasil, nada regula a comunicação”, afirmou o presidente do CEMA Barão de Itararé, com ironia ao posicionamento político da monarca.
Sugeriu pressão pelo Marco Regulatório da Imprensa, pelo apoio ao Direito de Resposta e a discussão sobre verbas de publicidade das secretarias de comunicação dos governos federal, estadual e municipal. Foi iniciado o Núcleo Catarina do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé e em seguida ocorreu a palestra com o jornalista e escritor Paulo Henrique Amorim a respeito de seu lançamento. Ele recordou seus tempos de funcionário da Rede Globo, como Roberto Marinho era visto e o tratamento dado a desafetos.
“As instruções básicas para editar o Jornal Nacional. A terceira é: não quero preto nem desdentado no Jornal Nacional; segunda: Se uma criança recém-nascida cair na linha do trem e o Brizola se jogar para salvar, se a criança se salvar e o Brizola morrer, mesmo assim você tem que me perguntar antes se pode publicar. E a primeira, que acho genialmente clara: O (jornal) Globo é o que é não pelo que publica e mas pelo que NÃO publica”, contou Paulo Henrique sobre o que Marinho teria dito ao diretor de jornalismo da empresa, Armando Nogueira (um dos fundadores da Globo).
No livro também fala do segundo turno da eleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Um debate em que o ex-presidente faltou e a Globo não divulgou o desastre aéreo da Gol. De acordo com ele, a cadeira vazia, lugar que seria do Lula, apareceu mais que os próprios candidatos presentes, foram abordados os escândalos “plantados” e só depois que foi feita a edição extra com o acidente. Sobre o futuro, em função da tecnologia, arrisca palpites.
“O Google vai googlar a Globo. Não paga Imposto de renda, mas me paga pelo banco. A publicidade da Internet está comendo todo o dinheiro que antes era para TV aberta. Grandes empresas estão sendo substituídas pelos meninos do Youtube”, afirmou o jornalista escritor. Depois lançou o livro “O Quarto Poder, Uma Outra História” e autografou vários exemplares.
Fonte: por Ana Carolina Peplau Madeira para Desacato.info