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Iniciou ontem (14) a Conferência Macrorregional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora da Grande Florianópolis, no hotel Canto da Ilha, em Florianópolis.

O evento se estende até hoje (15) e discutirá diretrizes para aplicação da política de saúde do trabalhador para a região, além de formular propostas para as conferências estadual e nacional que ocorrem ainda em 2014.

A conferência teve início com um ato político, com a presença de representantes de entidades do poder público e dos movimentos sociais. Nereu Espezim, da Comissão Intersetorial de Saúde do Trabalhador do Conselho Municipal de Saúde de Florianópolis, destacou a situação da saúde do trabalhador em SC. “A cada 24horas, um trabalhador morre em decorrência de acidentes de trabalho em nosso estado. Não podemos ficar de braços cruzados diante dessa realidade. Precisamos debater e implementarpolíticas públicas para a saúde do trabalhador”, afirma Espezim, que divide a presidência da conferência com o Secretário de Saúde de Florianópolis, Carlos Daniel Moutinho Júnior.

Na sequência, os participantes da conferência fizeram uma homenagem ao Procurador Regional do Trabalho, EgonKoerner Júnior, falecido no último mês de março, vítima de um atropelamento, durante uma prova de ciclismo. Dr. Egon foi idealizador do Fórum de Saúde e Segurança do Trabalhador no Estado de Santa Catarina.

O modelo socioeconômico e seus reflexos na saúde do trabalhador e da trabalhadora


A primeira mesa de debates tratou dos reflexos na organização do trabalho e, portanto, na saúde do trabalhador, no atual estágio do capitalismo. Para Roberto Ruiz, médico perito, “as crises do capital não ocorrem por falta de meios de produção, mas por abundância de produção. E isso impacta na saúde do trabalhador em medida que ele precisa produzir mais”.

Para Edna Maria Niero, do Centro Regional de Saúde do Trabalhador (CEREST) de Florianópolis, a situação da saúde do trabalhador, em contexto geral, é bastante difícil. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde para a América Latina, somente 4% dos acidentes de trabalho são notificados, “o que permite deduzir que a cada 100 casos de acidente de trabalho, 94 estão invisibilizados”, destaca.

Há um abismo entre teoria e prática na atenção à saúde do trabalhador. “O SUS preconiza a atenção à saúde do trabalhador, mas o que podemos ver é o abismo entre o que é atribuído ao sistema público de saúde e o que ocorre na prática”, finaliza Edna.

Marion Brandes, do Dieese, que também participou dessa mesa, trouxe dados sobre o impacto da organização do trabalho na saúde do trabalhador em Santa Catarina. O estado ocupa o primeiro lugar no ranking nacional em acidentes de trabalho. “Em termos absolutos – e também relativos – a incidência de danos à saúde do trabalhador cresce acima da média nacional. A relativização dos dados confirma que existe um nível alto de adoecimento dos trabalhadores em Santa Catarina, refutando a justificativa de que há um número maior de acidentes de trabalho por conta do índice elevado de formalização do trabalho no estado”, reforça.

Na mesma linha, Roberto Cruz, professor de Psicologia da Universidade Federal de Santa Catarina, apresentou o cenário da indústria catarinense e as condições de trabalho em que estão expostos os trabalhadores e os impactos na sua saúde.

Cruz também apresentou o recorte de gênero no adoecimento das trabalhadoras das indústrias têxteis catarinenses, em que as mulheres adoecem cinco vezes mais que os homens. Ressalta-se que o número de mulheres empregadas no setor é de duas para cada homem.

A Conferência Macrorregional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora da Grande Florianópolis está sendo transmitida ao vivo pelo Portal Desacato, em: http://www.livestream.com/desacato

Fonte de texto e imagem Clarissa Peixoto/Desacato.info

Publicado em 15/05/2014 -

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