A Polícia Federal informou na tarde desta quarta-feira (20), que as investigações sobre a quebra de sigilo fiscal de tucanos apontam para uma rede de espionagem envolvendo os próprios integrantes do PSDB.
Segundo a PF, os dados sigilosos de pessoas ligadas a José Serra foram obtidos por um repórter do jornal O Estado de Minas, no segundo semestre do ano passado, durante a disputa entre os tucanos para saber quem seria o candidato do partido à presidência da República.
Na época, o jornal Estado de Minas declarou apoio explícito (em editorial de capa) à candidatura Aécio Neves – que disputava com Serra a indicação do partido.
O repórter contou à Polícia que passou a investigar pessoas ligadas à Serra depois de descobrir que o então governador de São Paulo mantinha uma central de espionagem contra Aécio, que seria comandada pelo deputado tucano Marcelo Itagiba.
Segundo Amaury Ribeiro Junior, os arapongas de Serra buscavam informações sobre a vida privada do governador mineiro.
A partir daí, Amaury contratou vários despachantes em São Paulo e foi à capital paulista, com viagem paga pelo jornal O Estado de Minas, para receber vários documentos sobre parentes e amigos de Serra.
A Polícia Federal diz ter provas de que isso aconteceu no dia 8 de outubro de 2009, quando no PT não havia nem pré-campanha presidencial. O PT estava totalmente envolvido em sua campanha interna para renovar a direção partidária.
Amaury contou ainda à PF que há 10 anos investiga o processo de privatização da telefonia no governo FHC – e que pessoas ligadas a Serra teriam se beneficiado do esquema.
O principal operador seria Ricardo Sérgio de Oliveira, amigo de Serra e diretor do Banco do Brasil na gestão tucana. O repórter diz ainda que obteve documentos provando que a filha de Serra, Verônica, e o marido dela, teriam contas suspeitas em paraísos fiscais.
O delegado que deu as informações à imprensa nesta quarta-feira, Alessandro Moretti, disse que 7 pessoas foram indiciadas pelo vazamento de dados da Receita Federal, mas não forneceu os nomes. Ele disse que faltam algumas diligências para encerrar o inquérito, mas que elas não devem alterar a conclusão.
Leia a íntegra:
NOTA À IMPRENSA
Sobre as investigações para apurar suposta quebra de sigilo de dados da Receita Federal, a Polícia Federal esclarece que:
1- O fato motivador da instauração de inquérito nesta instituição, quebra de sigilo fiscal, já está esclarecido e os responsáveis identificados. O inquérito policial encontra-se em sua fase final e, depois de concluídas as diligências, será encaminhado à 12ª Vara Federal do Distrito Federal;
2- Em 120 dias de investigação, foram realizadas diversas diligências e ouvidas 37 pessoas em mais de 50 depoimentos, que resultaram, até o momento, em 7 indiciamentos;
3- A investigação identificou que a quebra de sigilo ocorreu entre setembro e outubro de 2009 e envolveu servidores da Receita Federal, despachantes e clientes que encomendavam os dados, entre eles um jornalista;
4- As provas colhidas apontam que o jornalista utilizou os serviços de levantamento de informações de empresas e pessoas físicas desde o final de 2008 no interesse de investigações próprias;
5- Os dados violados foram utilizados para a confecção de relatórios, mas não foi comprovada sua utilização em campanha política;
6- A Polícia Federal refuta qualquer tentativa de utilização de seu trabalho para fins eleitoreiros com distorção de fatos ou atribuindo a esta instituição conclusões que não correspondam aos dados da investigação.