As multinacionais nunca puseram tanto dinheiro na economia real brasileira em um semestre quanto agora: US$ 32 bilhões, segundo o Banco Central (BC). Até dezembro, devem entrar mais US$ 23 bilhões, o que estabeleceria novo recorde anual. Maior valor até hoje foi de US$ 48 bilhões, no ano passado, o que pôs o Brasil entre os cinco países que mais receberam investimentos estrangeiros, segundo ranking da agência da Unctad (agência da ONU para o comércio e o desenvolvimento) divulgado na terça-feira (26). As multinacionais também bateram o recorde no envio de dividendos às matrizes:: US$ 18 bilhões no semestre.
Com a economia dos países desenvolvidos patinando desde a crise financeira mundial de 2008/2009 e a recuperação mais acelerada dos emergentes, o Brasil tornou-se um destino prioritário para o capital estrangeiro. No ano passado, o país saltou 15 posições e entrou para o time dos cinco que mais receberam investimentos direcionados à chamada economia real.
Os quatro primeiros colocados do ranking são Estados Unidos (US$ 228 bilhões), China (US 106 bilhões), Hong Kong (US$ 69 bilhões) e Bélgica (US$ 62 bilhões). No total, a Unctad diz que US$ 1,2 trilhão circulou pelo mundo na forma de investimentos no ano passado.
De janeiro a junho, o investimento das multinacionais em indústria, serviços e agropecuária cresceu 168% e somou US$ 32 bilhões, segundo dados divulgados nesta terça-feira (26/07) pelo Banco Central (BC). Nunca um primeiro semestre registrara tamanho ingresso de investimentos diretos. Até dezembro, pelo menos mais US$ 23 bilhões virão ao Brasil, na previsão do BC, o que estabeleceria novo recorde histórico.
Na avaliação do governo brasileiro, a entrada maciça de investimentos diretos, que são diferentes daqueles dirigidos ao “”mercado”” financeiro à procura de lucros com altas taxas de juros, decorrem da oportunidade de ganhos para filiais de multinacionais. Por isso, o envio de lucros para o exterior também têm atingido patamares elevados, embora inferior às entradas.
De janeiro a junho, segundo o BC, as remessas aumentaram 25% e alcançaram US$ 18 bilhões, outro valor recorde. Até o fim do ano, a cifra deve dobrar e fechar em US$ 37 bilhões, nas estimativas do banco. Em 2010, a remessas de lucros foi de US$ 30 bilhões.
Salto – O salto do IED no Brasil em 2010 foi impulsionado pela entrada de mais de US$ 15 bilhões em dezembro, dos quais US$ 7,1 bilhões se referem à venda de 40% da unidade brasileira da companhia espanhola Repsol ao grupo petrolífero chinês Sinopec. O IED representa investimentos voltados para a produção, como a criação de fábricas e diversas operações empresariais internacionais, como fusões e aquisições, compra de participações acionárias, empréstimos para filiais e reinvestimento dos lucros.
De acordo com o relatório, os investimentos estrangeiros diretos na América Latina e no Caribe em 2010 se concentraram em operações realizadas por multinacionais asiáticas dos setores de petróleo e gás, principalmente chinesas e indianas. O estudo da Unctad foi divulgado em um momento de valorização do real em relação ao dólar, situação favorecida pela entrada de recursos estrangeiros. Nessa segunda-feira, o dólar comercial caiu para R$ 1,543, menor valor desde janeiro de 1999.
América do Sul – A América do Sul foi a região do mundo que registrou a maior alta do IED em 2010. O aumento do ingresso de investimentos foi de 56%, totalizando recursos de US$ 86 bilhões. O Brasil representou sozinho 56% desse volume, afirma a Unctad. No total, o IED para América Latina e Caribe foi de US$ 159 bilhões em 2010, aumento de 13% em relação ao ano anterior.
“”A América Latina e o Caribe registraram uma repentina aceleração das fusões-aquisições internacionais, que passaram de valores negativos, em razão dos desinvestimentos, em 2009, para US$ 29 bilhões em 2010, um recorde na região desde 2000″”, diz o estudo. “”Essa evolução testemunha a retomada do interesse das companhias estrangeiras pela aquisição de empresas na América Latina após uma década de morosidade””, afirma a Unctad.
As multinacionais da América Latina, estimuladas pelo forte crescimento econômico em seus países, também multiplicaram investimentos no exterior, sobretudo nos países desenvolvidos, diz o estudo. “”Os fluxos de capitais que saíram da América Latina e do Caribe aumentaram 67%, atingindo US$ 76 bilhões em 2010, a mais forte progressão regional no mundo””, diz o relatório. A alta significativa é devida ao aumento dos investimentos de multinacionais brasileiras e mexicanas, as principais investidoras da região.
No caso do Brasil, a saída dos recursos foi de US$ 12 bilhões no ano passado, em razão dos investimentos no exterior de empresas como Vale, Braskem, Petrobras, Camargo Correa, Votorantim e Gerdau. Os dados preliminares de 2011 indicam que as entradas de IED na América Latina continuam aumentando, enquanto as saídas, ou seja, os investimentos realizados por empresas da região no exterior, estão diminuindo, diz o relatório.
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