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Dos panfletos revolucionários aos folhetins irreverentes, de Marighella a Lula, o livro As Capas desta História reúne mais de 300 imagens de jornais alternativos, clandestinos e produzidos no exílio entre 1964, ano do golpe, e 1979, quando foi aprovada a Lei da Anistia. A obra traz ainda capas de jornais considerados precursores das publicações surgidas nos anos de chumbo.A obra foi produzida pelos jornalistas Ricardo Carvalho (coordenador geral), Luiz Del Roio (contexto) e Vladimir Sacchetta (pesquisa), que fazem parte do Instituto Vladimir Herzog. O lançamento foi nesta terça-feira (25), na Livraria Cultura da avenida Paulista, em São Paulo.

As imagens de mais de 30 publicações que rodaram no exílio, em países como Chile, México, Suécia, Itália, França, Portugal e Argélia, são inéditas, segundo Carvalho. “Era a forma dos mais de 3 mil exilados se comunicarem. O Luiz Del Roio, que foi exilado, recolheu esses exemplares durante 34 anos. Uma parte ficou guardada em uma fundação italiana até que o Brasil se democratizasse”, relembra.

Na seção dos clandestinos estão publicações das principais tendências da esquerda que atuaram durante a ditadura militar, como a Ação Libertadora Nacional (ALN), de Carlos Marighella, que editou O Guerrilheiro, e a VAR-Palmares (Vanguarda Armada Revolucionária-Palmares), de Carlos Lamarca, que produzia o Palmares. Aparecem nesse bloco jornais dos PCs (PCB e PCdoB), de organizações trotskistas e de grupos ligados à Igreja Católica.

O bloco dos alternativos é mais heterogêneo: traz desde capas de jornais do movimento operário, estudantil (O Movimento), da imprensa satírica (O Pasquim, Pif-Paf), experimentos literários, além de publicações ligadas à causa ambiental, gay e negra.

Precursores

Já a parte dos precursores reúne experiências antigas, como o Correio Braziliense – que era editado em Londres, já que a corte portuguesa proibia a produção no Brasil –, além de outras publicações pouco conhecidas, como o Jornal Subiroff.

“Esse foi um achado!”, diz Carvalho. “O Subiroff era escrito em 1920 pelo filho do Nestor Pestana (Nereu Rangel Pestana), que na época era diretor do Estadão. Ele (o filho) inventou um personagem, um agente soviético em terras brasileiras. O jornal trazia as reportagens do ponto de vista desse espião.”

Outro caso que o jornalista gosta de destacar é o de Carlos Azevedo, que ajudava a fazer o jornal do PCdoB. “Em 1966 ele trabalhava na revista Realidade. Depois do expediente, ele saía da revista e caía na clandestinidade”, afirma o jornalista.


Fonte: Uol Notícias

Publicado em 25/10/2011 -

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