As delegações sindicais africanas presentes ao Fórum Social Mundial, em Dakar, no Senegal, confirmaram presença nas comemorações do Primeiro de Maio da Central Única dos Trabalhadores em São Paulo, que terão como foco neste ano a solidariedade com o continente negro. Além de debates e palestras, a atividade contará com apresentações musicais e mostras de livros, dentro da extensa e rica programação cultural.
“Vejo este Primeiro de Maio como uma fotografia da nossa identidade brasileira com a África. Apesar de termos características próprias, nossa relação cultural e social precisa caminhar na mesma direção”, declarou o presidente estadual da CUT-SP e líder metalúrgico Adi dos Santos Lima, sublinhando a importância da iniciativa que em 2010 focou na América Latina.
Na avaliação do líder cutista, a participação de países como Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné Bissau, São Tomé e Príncipe, África do Sul, Senegal e Gana, entre outros, servirá para estreitar ainda mais os fortes vínculos que unem o sindicalismo dos dois continentes na luta por mais emprego, salário e direitos.
A solidariedade às manifestações contra a ditadura e pela construção de governos democráticos na Tunísia e no Egito, destacou Adi, também estará presente, uma vez que “a busca pela democracia e pela liberdade é uma incansável luta que nós brasileiros conhecemos bem”. “A solidariedade e a pressão internacional cumprem um papel fundamental neste momento”, assinalou.
Membro da Confederação dos Trabalhadores Autônomos de Dakar e do Comitê Organizador do Fórum Social Mundial, Mame Saye agradeceu o convite, já que “o Brasil tem um lugar preponderante na nossa linha histórica”. Mais do que a diplomacia dos estados, apontou Mame, o estreitamento de relações tem a capacidade de dialogar profundamente, “o que acaba sendo um privilégio dos povos, que passam a carregar consigo esta simbologia da identidade e do encontro”. Entre os muitos temas que a dirigente senegalesa quer abordar e conhecer mais de perto no Brasil está a experiência cutista de articulação com os movimentos sociais. “Este é um ponto essencial para afirmarmos pautas comuns em contraposição à globalização neoliberal”, disse.
O secretário-geral da União Nacional dos Trabalhadores da Guiné Bissau (UNTG), Estevão Gomes declarou que acolhia o convite com muita expectativa de compartilhar experiências e vivências com o sindicalismo cutista. “Somos um país pequeno, mas com problemas do tamanho do mundo. Para nós, a CUT é uma referência e sempre a temos como ponto de apoio e incentivo a encontrar soluções coletivas”, acrescentou.
Para o secretário de Relações Internacionais da CUT, João Antonio Felício, realizar um Primeiro de Maio no Brasil logo após o Fórum Social Mundial na África “será uma experiência muito rica para o movimento sindical, mas também para a população que participar das atividades, pois poderá conhecer de perto as nossas reivindicações e o tanto que temos em comum”. "Tanto de um lado como do outro do Atlântico, a luta é a mesma: contra o imperialismo, o neocolonialismo e em defesa de um Estado indutor do desenvolvimento, gerador de emprego e renda", concluiu.
Leonardo Severo, de Dakar-Senegal / CUT