Por Lucilene Binsfeld (Tudi) – Diretora da CUT-SC e Secretária Geral do Instituto Observatório Social
Precisamos falar de violência de gênero. É necessário lembrar que o machismo mata mulheres todos os dias e fortalece a cultura do estupro.
No último sábado, 15, na Argentina, o feminicídio fez mais uma vítima. Lucía Pérez, de 16 anos, foi violentamente estuprada e assassinada por dois homens. O crime hediondo choca também pela crueldade, a adolescente foi drogada e empalada pelos estupradores.
É dolorido e revoltante descrever as terríveis circunstâncias que envolvem o caso. Mas é preciso para que possamos refletir sobre os motivos pelos quais as mulheres sofrem esse tipo de violência, e para questionarmos por que as mulheres têm sido punidas ao longo da história com dor e martírio. Desde as épocas mais remotas passando pelas fogueiras da Inquisição até os dias atuais. A violência contra a mulher, seja física ou psicológica, cresce a cada ano. Dados do Mapa da Violência de 2015 indicam que entre 2003 e 2013, o número de vítimas de homicídio do sexo feminino no Brasil passou de 3.937 para 4.762. De acordo com a pesquisa, o país tem taxa de 4,8 homicídios por cada 100 mil mulheres. No Brasil, a cada 11 minutos uma mulher é estuprada, segundo levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).
Falar da cultura do estupro é se referir à “objetificação” das mulheres. Essa ideia é reforçada por uma série de fatores que a sociedade como um todo precisa reconhecer e enfrentar. As imagens associadas à mulher na mídia, a cultura do patriarcado – que insiste em afirmar que elogios abusivos nas ruas não são assédio – e a divisão sexual no mundo do trabalho, contribuem para reforçar a imagem da mulher como mero objeto.
Por isso, todas e todos temos que gritar NÃO à cultura do estupro! Nossa tarefa é árdua, mas precisamos exigir que o Estado desenvolva políticas públicas, amplie e faça valer as leis de proteção à mulher.
Essa causa é nossa, e só vamos parar de falar disso no dia em que todas as mulheres sejam livres.