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No mínimo indecoroso o hábito do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), ex-presidente nacional da legenda tucana, de voar em jatinhos fretados pagos com dinheiro público do Senado Federal.

Mas é o que denuncia reportagem de hoje da Folha de S. Paulo, com base em dados do Sistema de Acompanhamento do Orçamento (SIAFI). O levantamento publicado pelo jornal indica que Tasso Jereissati tem o hábito de somar passagens aéreas oficiais do Senado para fretar jatos particulares.

Com essa prática, de 2005 até hoje, o senador gastou R$ 469 mil. Ele confirma ao jornal que o Senado paga os aviões fretados por ele, mas só assume gastos de R$ 358 mil. Mesmo esse valor ele reconhece ser alto, mas justifica que compreende o período entre 2005-2006, quando era presidente nacional do PSDB. Ou seja, as verbas do Senado pagaram viagens partidárias do tucanato.

Pior, o controle do SIAFI rastreia gastos de R$ 335 mil do senador entre 2005 a 2007 mas, após esse período, embora as despesas apareçam como "fretamento de jato pelo senador", não há mais registro do seu nome. Sobre o senador recaem também suspeitas de que compra combustíveis de avião com verbas de passagens aéreas da Casa.

Vejam só, logo o senador, uma das principais estrelas da constelação – ou seria dos ares? – tucana, um pessoal que posa de probo, de vestais, que vive alardeando transparência… Desde quando transparência é esconder e retirar do sistema a prestação de contas das viagens em jatos fretados com dinheiro do Senado?

 

Vejam quem autoriza as decolagens do senador

Em sua defesa, Tasso Jereissati (PSDB – CE) confirma ter usado os jatinhos fretados nos momentos em que seu Citation particular (que custa US$ 3 milhões) esteve indisponível ou em revisão. Então, de 2005 para cá, seu jatinho esteve quase uma dúzia e meia de vezes nessa condição, porque segundo a Folha de S.Paulo, foram pelo menos 16 pagamentos desde aquele ano.

Por fim, ele alega ter recebido autorização especial do então diretor-geral da Casa, Agaciel Maia, referendada pessoalmente pelo então 1º secretário da Casa, (e sem consulta à Mesa Diretora), o nosso conhecido senador Efraim Morais (DEM-PB).

Agaciel, você se lembra, renunciou à diretoria geral do Senado há duas semanas, depois de descobrirem que ele comprou uma mansão de R$ 5 milhões e colocou em nome de um irmão.

O senador Efraim é acusado de nepotismo exacerbado – contratou 13 parentes em seus gabinetes, entre os quais filha, genro, sobrinho e filho de sua suplente; licitações superfaturadas; contratos fraudulentos por um dos quais deu um prejuízo de R$ 30 milhões ao Senado; e de ter fixação por construir anexos faraônicos para a Casa (queria construir a UNILEGIS – Universidade do Legislativo, que já estava em funcionamento).

Resumo da ópera: é uma aberração a atitude do senador tucano, bilionário (é dono da holding La Fonte, proprietária dos shoppings Iguatemi e de boa parte do PIB do Ceará), mas que mesmo assim se utiliza dos recursos do Senado para voar pelos céus desse país com dinheiro público.

Usou recursos que poderiam ser investidos em saúde, educação, habitação, no Bolsa Família e em tantos outros programas sociais em benefício da população. O senador tem uma justificativa final, a de que o que fez não é ilegal, esquecido de que nem tudo que é legal é legítimo.

Autor: José Dirceu

Publicado em 3/04/2009 -

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