“O fato é que o crescimento brasileiro é algo que não há país no mundo que coloque sob suspeita. Sabem que é um crescimento sustentado e contínuo”, destacou. “Temos todos os instrumentos para resistir e proteger nosso mercado e nossos empregos. Estamos fazendo nossa parte ao sustentar o crescimento a despeito da recessão global. Sabemos que na ausência de crescimento é impossível alcançar a sustentabilidade fiscal.”
Ao mesmo tempo, ela aproveitou para fazer uma discreta menção a setores da imprensa e da oposição que viram arrogância da presidenta nas viagens anteriores, quando enfatizou a demora das nações mais ricas em apresentar soluções para esta segunda perna da crise econômica. Para Dilma, o Brasil está em condições de sugerir saídas “não por uma soberba em que olhamos para o mundo e dizemos ‘ainda bem que não somos eles’, mas pela certeza de quem passou por enormes desafios e os superou”.
Após o discurso, Dilma viajou acompanhada do ministro da Fazenda, Guido Mantega, a Cannes, na França, onde vai participar do encontro do G-20, que vai reunir não apenas as principais economias mundiais, mas os chefes de Estado das nações mais fortes. “Trata-se de uma reunião crucial, principalmente pelo momento em que ocorre, em meio aos esforços para superar uma crise de grave profundidade e ainda de solução imprevisível”, disse, para em seguida deixar claro que vai repetir as críticas ao modo como se conduz a crise. “Sabemos como é importante que as soluções não tardem. Sabemos que é muito importante que tenhamos clareza dos problemas e possamos resolvê-los de imediato.”
A presidenta se queixou especificamente do caso da União Europeia, bloco no qual vê falta de liderança política na solução dos problemas que afetam, em especial, as menores economias, abaladas por desemprego, endividamento e queda no consumo. Na passagem por várias nações do Velho Continente e durante os eventos desenvolvidos por conta da abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, Dilma havia condenado ainda a imposição de um receituário recessivo a estes países, em especial à Grécia, na qual se obrigou ao corte de investimentos públicos e da proteção social dos cidadãos.
“A demora da União Europeia em oferecer soluções para as questões da sua dívida soberana e da fragilidade de seus bancos, e de erguer muros de proteção a seus Estados, torna os problemas mais greves”, acrescentou Dilma durante evento promovido pela revista Carta Capital em São Paulo. “Vamos deixar claro que não acreditamos que a crise será superada com guerra cambial e política recessiva.”
São membros do G-20: África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia, Turquia e União Europeia. Segundo o Itamaraty, esses países representam, aproximadamente, 85% do comércio mundial, 90% do produto interno bruto e dois terços da população do planeta.
Rede Brasil Social
“