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A retomada das atividades econômicas em vários estados, apesar da curva em alta da pandemia, exige que trabalhadores se previnam mais e saibam o que fazer. Confira os cuidados e alertas dos especialistas

 Apesar de não ter cumprido grande parte das seis orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) para reabertura da economia, vários estados brasileiros já estão reabrindo lojas de ruas, shoppings, escritórios e fábricas expondo milhares de trabalhadores e trabalhadoras ao risco de contrair a Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus.

O PortalCUT ouviu um especialista da área da saúde para orientar o trabalhador e a trabalhadora sobre os cuidados que devem tomar nos transportes coletivos e nos ambientes de trabalho para se prevenir contra a doença, já que no Brasil, prefeitos e governadores estão ignorando as orientações da OMS.

Um país só pode reabrir a economia, segundo a OMS, se a transmissão do novo coronavírus estiver controlada; o sistema de saúde com capacidade de detectar, testar, isolar e tratar todos os casos e rastrear todos os contatos; que os riscos de surtos estejam minimizados em contextos especiais, como unidades de saúde e asilos; que medidas preventivas estejam em vigor em locais de trabalho, escolas e outros lugares onde as pessoas precisam ir; que os riscos de importação de casos possam ser gerenciados; e que as comunidades estejam totalmente educadas, engajadas e capacitadas para se ajustarem à “nova norma”.

“O que se monitora no Brasil é o fim da linha, a UTI, onde não tem mais como agir e a mortalidade é altíssima. Ao invés de proteger as pessoas, as autoridades estão fazendo teste com a vida para atender o empresariado e deixaram a população e os trabalhadores e trabalhadoras a mercê de seus próprios cuidados”, afirma o médico infectologista, Ulisses Strogoff De Matos, que deu as dicas sobre como se prevenir, que você vai conferir abaixo.

O especialista alerta que as pessoas estão indo fazer compras, retornando ao trabalho e a rotina sem ter informações básicas de proteção e sem saber de fato os riscos que correm. Ele aponta também, a falta de responsabilidade do governo de Jair Bolsonaro (ex-PSL) e diz que ele é um dos principais problemas do país no combate ao coronavírus.

“Tem muita gente que nem sabe usar a máscara corretamente e devido a inúmeras notícias falsas não acredita nas mortes e na letalidade do vírus. E ainda temos 30% da população (cerca de 70 milhões de pessoas) que apoiam e acreditam em tudo que Bolsonaro faz e fala e isso só piora ainda mais os impactos desta doença. E os governos estaduais e prefeitos no começo criticaram, mas agora estão dando a mão para ele. Tudo farinha do mesmo saco”, ressalta Ulisses.

Preocupado com a vida e com a saúde da população e com os trabalhadores e trabalhadoras, que agora vão se arriscar mais, ao pegar o transporte coletivo, ficar ao menos 8 horas em lugares fechados e também tendo maior contato com o público, o médico infectologista dá dicas de cuidados e proteção.

 

Confira os cuidados que você deve ter nesta volta ao trabalho

 

Luvas, usar ou não usar?

 

As luvas devem ser usadas somente pelos profissionais de saúde. Segundo dr. Ulisses, as luvas são infectadas assim como as mãos e é mais difícil higienizar a luva do que a mão.

 

Uso de Máscaras

 

Vários países do mundo estão voltando a fechar os comércios e até o restringindo o contato social devido a uma segunda onda de contágio da Covid-19. Um estudo recente da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, oferece novas evidências de que as máscaras podem ser cruciais para evitar uma nova onda de infecções.

No Brasil, vários estados já decretaram e aprovaram medidas obrigando o uso de máscaras caseiras e a nível federal, uma Lei neste contexto já foi aprovada na Câmara, no Senado e agora só falta sansão presidencial.

Segundo Ulisses, é preciso usar a máscara de proteção, caseira ou descartável, e como em muitos estados têm decreto e leis é preciso que as empresas e comércios exijam e fiscalizem o uso correto deste equipamento que pode salvar vidas.

E lógico, aponta ele, quando retirar e colocar é preciso higienizar as mãos com álcool em gel e ainda não tocar na parte frontal da máscara porque é na retirada que muitas pessoas são contaminadas. “E quando for tossir ou espirrar não é para tirar a máscara, porque são nas gotículas que saem que podem estar o vírus e a proteção é justamente para isto. Já vi casos em que o comércio teve que voltar a fechar porque todos os funcionários foram contaminados por não se protegerem e nem obrigar os clientes a usarem as máscaras de forma correta”, explica Ulisses.

Por isso o médico alerta que não adianta usar máscara e deixar o nariz de fora, e também que ela [a máscara] não pode estar úmida e se for descartável precisa ser dispensada a cada duas horas. As máscaras de pano precisam ser lavadas com água e sabão e não podem ser usadas por mais de 4 horas, as pessoas precisam ter de 4 a 5 guardadas em sacos plásticos na bolsa para todo o tempo que for ficar fora.

“E se o colega de trabalho não usar, é preciso que a chefia tome providências e a empresa precisa fiscalizar, porque e questão de saúde pública e segurança de trabalho. O não uso coloca todo mundo em risco e é um atentado contra seus colegas e a saúde no geral”, afirma.

 

 

Álcool gel e higienização das mãos e locais de trabalho

 

O uso de máscaras de proteção deve vir acompanhado com outras proteções, aponta o médico. O uso do álcool em gel e a higienização das mãos, em locais de trabalho e transportes coletivos são fundamentais.

“Lavar as mãos com água e sabão inativa o vírus, manter higienizado com álcool as mesas de trabalho, os vagões de trens e ônibus e locais onde as pessoas colocam as mãos para se segurarem são medidas essenciais para o combate ao vírus”, ressalta o médico.

 

Ventilação e o perigo do ar condicionado

 

Ulisses também lembra a importância da ventilação natural nos ambientes de trabalho e também no transporte coletivo para evitar a proliferação do novo coronavírus.

“É importante manter janelas e portas abertas para a ventilação do ambiente e ainda com todo mundo usando a máscara. A fala gera aerossol e muita gente falando num mesmo espaço o problema pode ser ainda maior”, disse o médico.

Um estudo realizado por cientistas do Centro de Controle e Prevenção de Doenças de Guangzhou, na China, apresentou um dado alarmante: os aparelhos de ar-condicionado podem ser um veículo eficiente na propagação do vírus e a recomendação é de que haja ventilação natural, o que pode evitar a contaminação com as gotículas.

 

Distanciamento

 

Outra ação importante e que deve ser contínua e precisa, que aponta também neste estudo da China, é o distanciamento entre as pessoas de um metro e meio ou mais, mesmo com o uso das máscaras e com a higienização adequada.

E este distanciamento é preciso acontecer em todos os lugares, afirma Ulisses. No local de trabalho, na fila do shopping, nas entradas e saídas do trabalho, nos refeitórios e no transporte coletivo.

“No refeitório, mesmo nos hospitais, a gente vê que as pessoas relaxam no quesito segurança e é nessas horas que pode acontecer a contaminação. E é preciso ter limitação do número de passageiros no vagão ou no ônibus, tem que ter a ventilação natural e precisa ser higienizado o tempo todo. Se fizer isso regularmente pode tornar mais seguro para a vida dos usuários e dos trabalhadores”, afirma.

 

Transporte Coletivo

 

O uso do transporte público, inclusive, é uma grande preocupação dos médicos, sindicatos e até de órgãos da justiça do trabalho, porque não tem como evitar a aproximação entre as pessoas, o uso de máscaras não está sendo fiscalizado e até medidas de proteção entre os trabalhadores estão sendo desrespeitadas.

Em São Paulo, por exemplo, só com várias cobranças do Sindicato dos Metroviários e com vários casos de contaminação, o Metro começou a fornecer álcool em gel e máscaras diárias para os trabalhadores e trabalhadoras e para deixar disponíveis para o usuário que precisar. Além de estar fazendo uma higienização um pouco melhor só nas cabines dos trens.

“Mas somente isso, nenhuma medida a mais de proteção, pelo contrário. Os colegas com 60 anos que foram afastados por serem do grupo de risco, já foram convocados para retornarem ao trabalho. E se algum usuário entrar sem máscara a gente orienta e entrega a máscara, mas a gente vê vários tirando depois e não podemos fazer nada, o risco de contaminação do usuário e do trabalhador continua a todo vapor”, contou o diretor do Sindicato e trabalhador do Metro, Marcos Freire.

“O transporte público é o segundo local com mais risco de contágio e pouco se fala nisso. Com a liberação dos comércios o número de usuários tem aumentado muito e o sindicato e até o dos condutores têm mantido a vigilância e cobrado medidas de proteção das empresas o tempo todo”, ressalta.

O Ministério Público do Trabalho (MPT) soltou uma nota técnica com orientações para evitar a exposição dos trabalhadores no ambiente de trabalho ao risco de contágio entre os usuários dos transportes coletivos, entre elas: a limpeza minuciosa diária no retorno do veículo para a garagem; higienização rápida das superfícies e pontos de contato com as mãos dos usuários, como roleta, bancos, balaústres, pega-mão, corrimão e apoios em geral, e dos equipamentos de pagamento eletrônico (máquinas de cartão de crédito e débito), após cada utilização; sempre que possível, permitir os veículos circulando com janelas e alçapões de teto abertos para manter o ambiente arejado; limitação do número de passageiros transportados simultaneamente;

O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) intensificou uma campanha da entidade “Como anda meu ônibus”, no qual deixou em disponível em sua página na internet um questionário em que as pessoas possam avaliar o cumprimento das medidas de prevenção à doença.

O objetivo é usar a experiência de auditoria cívica do projeto para fiscalizar o uso de máscaras por todos, além de vistoriar a higienização e a lotação dos veículos. A partir das respostas coletadas, caso necessário, o MPDFT poderá atuar para garantir o cumprimento das medidas de proteção à saúde de passageiros e trabalhadores.

“Este projeto começou ano passado e tem como objetivo melhorar a qualidade do transporte público coletivo do DF e com advento da pandemia o projeto foi adaptado e criado um outro questionário para avaliar se as medidas de prevenção a COVID-19 no transporte coletivo estão sendo eficientes”, afirma a promotora de Justiça Lenna Daher, uma das coordenadoras do projeto, que alerta que o momento deve ser de atenção.

“A reabertura de grande parte dos estabelecimentos comerciais tem impacto direto na lotação do transporte público. Nosso objetivo é avaliar se esse retorno às atividades está sendo feito de forma segura para todos”, afirmou.

 

Fonte: CUT Brasil | Escrito por: Érica Aragão | Artes: Alex Capuano-CUT

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