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Na manhã desta quinta-feira (26), o 9o Congresso da Contracs contou com quatro seminários formativos. Um deles tratou especificamente do processo de intensificação do trabalho e contou com a participação do professor José Dari Krein, a pesquisadora Cristiane Queiroz da Fundacentro, Aparecida Carmo da Unicamp e Lea Marques, assessora da secretaria de juventude da CUT Nacional.

 

Dari contextualizou sobre a intensidade do trabalho e sua articulação como forma de determinar um padrão flexível de gerir a força de trabalho. Entre os elementos principais da intensificação, o professor Dari destacou a intensidade, a duração da jornada de trabalho, a distribuição do trabalho, o tempo de preparação e deslocamento para o trabalho.

 

Segundo ele, a forma como se distribui a jornada sofreu alteração, influenciando a condição de vida e saúde e como a sociedade se organiza. As mudanças no capitalismo trouxeram implicações para o trabalho e gerando uma ordem desfavorável onde a reorganização do trabalho torna-se desfavorável ao trabalhador sob todos os pontos de vista, fragilizando os trabalhadores.

 

Ao apontar o cenário brasileiro na ordem globalizada, Dari afirmou que o País tem movimentos contraditórios. Se, por um lado, melhorou os indicadores do trabalho com o aumento do emprego, por outro aprofundou a flexibilização. A terceirização é um exemplo. “Boa parte das categorias teve aumento real através de negociações coletivos. Dinamizou mercado interno e o comércio e o setor de serviços.”

 

A pesquisadora da Fundacentro, Cristiane Queiroz destacou a necessidade de se discutir a terceirização, pois esse processo traz consequências à saúde dos trabalhadores tornando-se necessária estratégias para lidar com as consequências fora e dentro do trabalho.

 

Segundo a pesquisadora, as consequências mais conhecidas são o grande número de afastamentos do trabalho com altos índices de depressão e doenças psíquicas como a síndrome do pânico. Cristiane Queiroz destacou que o cenário tem se agravado, chegando a consequências extremas com a elevação de suicídios.

 

Aparecida do Carmo, assistente social da Unicamp destacou o problema da intensificação do trabalho para a população negra. Segundo Tida, como é conhecida, pesquisas revelam que a população negra tem um diferencial da população branca, que tem melhores condições em todos os segmentos: trabalho, lazer, cultura, educação, etc. “O meio ambiente exclui e nega o sentimento de pertencimento causando vulnerabilidade individual e social com inserção desqualificada que se dá.”

 

Segundo ela, o racismo causa doenças físicas e psíquicas. Tida ainda ressaltou o racismo institucionalizado que existe no SUS e nas instituições de saúde, dificultando a equidade de saúde.

 

Já a assessora da Secretaria de Juventude da CUT Nacional, Lea Marques, tratou da nova configuração do cenário da juventude. Léa destacou que o Brasil vem vivendo uma mudança na estrutura de classe, que leva um desafio a todo o movimento sindical e social em lidar com a discussão dos direitos contra o consumismo. “Mais de 12 anos de governos populares e democráticos não foram suficientes para romper com o poder do capitalismo financeiro.”

 

Léa destacou que a juventude está inserida em um mercado de trabalho precarizado e que, apesar do aumento significativo da escolaridade, apenas 60% dos jovens possuem o ensino médio completo.

 

Segundo ela, a idade de ingresso no mercado de trabalho também é marcada por desigualdades sociais e, em algumas categorias, a entrada acontece de forma precoce – antes dos 18 anos. “O desemprego juvenil tem características específicas e mesmo em situações de crescimento econômico permanece mais alto em relação ao desemprego dos adultos e taxa quase o triplo. Os adolescentes de 14 a 15 anos trabalham fundamentalmente em situação de trabalho irregular não em situação de aprendizagem estabelecida por lei.”

 

Léa também falou do emprego doméstico que durante muito tempo foi relacionado aos jovens e negros e, atualmente, é proibido a menores de 18 anos. Hoje, o emprego doméstico é majoritariamente exercido por mulheres com cerca de 40 anos.

 

Em relação à jornada de trabalho, a assessora da secretaria de juventude da CUT destacou que 40% dos jovens exercem jornada superior a 44 horas semanais e a maioria não consegue conciliar estudo e trabalho. Léa também destacou dados da informalidade que entre os jovens de 15 a 29 anos é de 41%. Segundo ela, é preciso que o movimento sindical se mobilize em uma campanha de formalização.

 

Entre outros dados negativos em relação à juventude, Lea informou que a terceirização atinge mais a juventude e que os jovens costumam receber menores salários.

 

Entre os desafios, Lea destacou que a nova classe média está concentrada nas categorias do comércio e serviços. Essa nova classe é complexa e heterogênea sem tradição de luta coletiva, dificultando as mobilizações do movimento sindical.


Fonte: Escrito por: Contracs – Adriana Franco

Publicado em 26/03/2015 -

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