28/06/2022
Dinheiro da antecipação do 13º salário de aposentados e pensionistas do INSS também está sendo usado para pagar contas e não para aquecer o consumo, como queria o governo federal com as duas medidas Com a inflação atingindo dois dígitos desde setembro do ano passado e os salários arrochados, ao invés de fazer compras e ajudar a aquecer a economia, como o governo queria, as famílias brasileiras estão usando o dinheiro dos saques extras do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e a antecipação do 13º salário dos aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) para pagar contas atrasadas. O que induz o crescimento econômico, gera emprego e renda e melhora o consumo, são obras de infraestrutura e moradia e não ataques aos recursos do FGTS, diz Clovis Scherer, que assessora a CUT Nacional no Conselho Curador do Fundo, preocupado com a descapitalização do Fundo de Garantia. Duas pesquisas recentes confirmam o enorme endividamento e que a prioridade é o pagamento das dívidas. O Datafolha diz que 63% dos entrevistados afirmam não ganhar o necessário para manter a família e ter problemas financeiros em casa. Desse total, 37%, declaram que o dinheiro da família hoje não é suficiente, e que às vezes até falta. Outros 26% afirmam que ganham muito pouco. Já a pesquisa da Fundação Getúlio Vargas mostra que 66,9% dos entrevistados vão pagar dívidas ou poupar o dinheiro da parcela extra do FGTS ou do 13º antecipado a aposentados e pensionistas do INSS. Menos de 25% dos entrevistados afirmaram que irão consumir bens e serviços com os recursos. Esse alto nível de contas atrasadas, é um dos que motivos que tem levado milhões de trabalhadores a buscar nos saques-aniversário do FGTS, uma forma de diminuir a inadimplência sem pensar que quando mais precisarem desse dinheiro, quando forem demitidos, nada terão a receber. O uso do saque extra do FGTS para pagar dívidas não surpreende Clovis Scherer. Segundo ele, o saque-aniversário está sendo utilizado por 24 milhões de trabalhadores, sendo que metade deles (12 milhões) usam a modalidade diretamente como garantia de empréstimos bancários. Cerca de 44 milhões de trabalhadores têm contas ativas no FGTS, de um total de 100 milhões de contas individuais. Ou seja, mais da metade dos trabalhadores que contribuem com o Fundo utilizam o saque-aniversário como forma de obter uma renda extra. “A previsão é de que R$ 26 bilhões saiam das contas do Fundo de Garantia nos próximos 12 meses, nessa modalidade. Portanto, se 12 milhões de trabalhadores comprometeram o saque- aniversário com alienação fiduciária que permite o pagamento de empréstimos, calcula-se que de R$ 12 bilhões a R$ 13 bilhões irão diretamente para os bancos”, diz Scherer. Outra modalidade que...09/05/2019
Segundo pesquisa da CNC, 62,7% das famílias têm algum tipo de dívida, em atraso ou não. O cartão de crédito é o principal vilão e o motivo do endividamento de 77,6% das famílias brasileiras O percentual de famílias brasileiras endividadas atingiu 62,7% em abril deste ano, um aumento de 2,5 pontos percentuais se comparado ao mesmo mês do ano passado (60,2%). São dívidas com cartão de crédito, carnê de loja, prestação de carro, seguro, empréstimo pessoal, cheque especial e até cheque pré-datado. Os dados são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), e foram divulgados nesta terça-feira (7). De acordo com a CNC, é o quarto mês consecutivo que o número fica acima dos 60%. Em janeiro, fevereiro e março deste ano, a pesquisa revelou que o total de endividados no país foi de 61,5%, 61,5% e 62,4%, respectivamente. Também aumentou para 23,9% o percentual de famílias inadimplentes, ou seja, aquelas que têm dívidas ou contas em atraso – em março eram 23,4%. No entanto, houve uma leve queda da inadimplência em relação ao mesmo mês do ano passado, quando o índice chegou a 25% do total. De acordo com a pesquisa, o número de famílias que declararam não ter condições de pagar suas contas ou dívidas em atraso também aumentou na comparação mensal, passando de 9,4% no mês passado para 9,5% este mês. Em entrevista ao Jornal da USP, o professor Márcio Nakane, do Departamento de Economia da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP, disse que o endividamento das famílias e o nível de inadimplência seguem o ritmo das atividades econômicas. “O que acontece com a renda das pessoas, com o salário delas, o nível de emprego, tudo isso afeta muito o quadro”. Até 2015, lembrou o professor, a economia estava em um patamar de estabilidade em que o crescimento do endividamento era rápido por conta do financiamento imobiliário e de automóveis. A partir de 2015, com a desaceleração da economia brasileira, as famílias estavam em um patamar de endividamento relativamente elevado e começaram a se preocupar com isso. Do final de 2017 a meados de 2018, quando a economia começou a ter uma leve recuperação, o nível de endividamento das famílias parecia se estabilizar, mas começou a aumentar aos poucos. “Hoje, com o desemprego batendo na porta de mais de 13 milhões de trabalhadores e trabalhadoras, com a inflação subindo, a economia patinando e o governo perdido em picuinhas com aliados, sem propostas concretas para aquecer a economia e gerar emprego e renda, a tendência é aumentar cada vez mais o número de famílias que não vão conseguir pagar suas dívidas e cair nas garras do SPC”,...