17/12/2018
Elas mudaram o lugar da mulher na sociedade catarinense, rompendo com ciclos de repressão e violência machista. Agora revelam “mística” para enfrentar tempos obscuros que se avizinham Na manhã chuvosa daquele sábado, 24 de novembro, em Chapecó, começaram a descer dos ônibus mulheres com sacolas e cuias de chimarrão nas mãos. Vindas de várias regiões do estado, elas chegavam para celebrar os 35 anos da maior organização de mulheres de Santa Catarina, o Movimento das Mulheres Camponesas (MMC). A agricultura é uma das principais fontes econômicas do estado, líder nacional na produção de alho e cebola e o segundo no país na produção de arroz, fumo, maçã e pera. O movimento, que tem mais de três décadas, surgiu no fim do regime militar e no auge do surgimento de diversos movimentos populares que lutavam pela redemocratização do país. As eleições para sindicato dos trabalhadores rurais de Nova Itaberaba (distrito de Chapecó na época) incentivou as camponesas a se organizarem. A primeira reunião contou com 28 mulheres, a segunda com 40, se expandiu para outros municípios e, 35 anos depois, o MMC se consolida como um dos maiores movimentos feministas em Santa Catarina. Foi protagonista, nos anos 90, da luta pelo direito à previdência social das mulheres do campo e, atualmente, uma das principais referências no debate de produção agroecológica no estado. O início da luta “Não foi uma luta fácil manter o movimento, principalmente para as mulheres casadas” Nova Itaberaba é tem pouco mais de 4 mil habitantes. Emancipada de Chapecó há 27 anos, ainda era distrito quando mulheres trabalhadoras rurais se reuniram pela primeira vez, em 1983, e organizaram um grupo de agricultoras para participar, junto com os homens, da chapa de oposição do Sindicato dos Trabalhadores Rurais. Na pauta, direitos básicos de acesso aos benefícios previdenciários já disponíveis aos homens. As mulheres do campo enfrentaram o machismo das pequenas cidades e formaram o Movimento das Mulheres Agricultoras, que em 2004 passa a ser chamado de Movimento das Mulheres Camponesas. Carolina Timm MMC proporciona acesso à formação e pesquisas sobre organização de mulheres e agroecológica De acordo com Clementina Dalchiavon, uma das fundadoras, foi necessária muita união das mulheres para enfrentar o primeiro obstáculo de consolidação do movimento, o machismo cotidiano. “Não foi uma luta fácil, principalmente para as mulheres casadas. O boato que os homens contavam pelos bares é que a gente ia abandoná-los e moraríamos todas juntas numa só casa, o medo que os homens tinham é de quem ia cuidar dos afazeres domésticos para eles”, lembra a agricultora. A partir da pequena localidade de Nova Itaberaba e com o respaldo de movimentos da Igreja Católica ligados à Teologia da Libertação, como as...Siga-nos
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