24/08/2016
O golpe é a arma da burguesia para alvejar também o capítulo dos direitos sociais da Constituição de 1988. Um dos principais propósitos do golpe é reduzir e, inclusive, eliminar os investimentos sociais – ou seja, o povo – do orçamento público, para aumentar o superávit primário: aquela parcela formidável da renda pública nacional que deixa de ser aplicada no SUS, na educação, no Bolsa-Família, no Minha Casa Minha Vida e na dignidade do povo brasileiro, para ser canalizada para o sistema financeiro. Uma das medidas do governo usurpador é a Proposta de Emenda Constitucional [PEC] 241, que cria o Novo Regime Fiscal em cima [1] do fim da obrigatoriedade de percentuais mínimos do orçamento para a saúde e educação, e [2] da fixação de limites para as despesas sociais sempre abaixo do crescimento da arrecadação. Na justificativa da PEC, esta limitação fica bem explicitada: “É preciso alterar esse sistema [de mínimo constitucional para saúde e educação], justamente para evitar que nos momentos de forte expansão econômica seja obrigatório o aumento de gastos nessas áreas”. Esta PEC é a alma do projeto draconiano do capital financeiro contra o povo. O tal Novo Regime terá a duração de vinte anos, até 2037. Segundo estudo da consultoria de orçamento da Câmara dos Deputados, R$ 58,5 bilhões serão subtraídos da área de educação nos 10 anos iniciais do Novo Regime. Quase R$ 6 bilhões por ano deixarão de ser aplicados em creches e pré-escolas, nos ensinos fundamental e médio, no PROUNI, no FIES, na expansão da Universidade pública e no desenvolvimento intelectual e cultural da juventude pobre, para serem transferidos a wall street, ao Itaú, Bradesco, HSBC … O corte nas verbas do SUS não deverá ser inferior a R$ 160 bilhões no primeiro decênio. Esta dinheirama, que equivale ao PIB do Uruguai que Serra tentou comprar, terá idêntico destino: a banca internacional, que é sócia e financiadora da oligarquia que perpetrou o golpe no Brasil. Para se ter idéia do impacto devastador disso para a população usuária do SUS, deve-se recordar que o orçamento atual do Ministério da Saúde é de R$ 109 bilhões. A redução de R$ 160 bilhões, portanto, equivaleria a deixar a população sem absolutamente nenhum atendimento público de saúde durante um ano e meio! Em paralelo ao desfinanciamento que causará o desmonte do SUS e o fim do direito constitucional à saúde pública, gratuita e de qualidade, o bizarro ministro da saúde do governo usurpador defende a proliferação de sistemas e planos privados de saúde com “preços populares” e uma assistência primitiva, restrita e anti-popular. Na prática, isso representa um retrocesso de mais de 50 anos, e terá como reflexo o aumento exponencial de sofrimentos e mortes...Siga-nos
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