16/01/2025
Decisão levou em conta proteção especial ao trabalho feminino prevista na legislação trabalhista Uma rede de supermercados de Florianópolis foi obrigada a mudar suas práticas e garantir descanso quinzenal para as funcionárias, em vez de mantê-las trabalhando três domingos consecutivos antes da folga. A decisão é da 2ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região (TRT-SC) em ação coletiva movida pelo Sindicato dos Empregados no Comércio de Florianópolis. Além de mudar a escala das trabalhadoras, a empresa também foi condenada a repará-las financeiramente pelos períodos de descanso não concedidos. Na ação, o sindicato solicitou o reconhecimento do direito previsto no artigo 386 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). O dispositivo estabelece que empresas com jornada de trabalho aos domingos devem organizar uma escala de revezamento que assegure repouso quinzenal. A norma é aplicável exclusivamente às mulheres, uma vez que integra o capítulo III da CLT, dedicado à proteção do trabalho feminino. Defesa Em sua defesa, a rede argumentou que a Lei nº 10.101/2000, que regulamenta o trabalho no comércio, permite que o descanso dominical ocorra uma vez a cada três semanas e que ela teria prevalência sobre a norma trabalhista. Em primeira instância, a 2ª Vara do Trabalho de Florianópolis reconheceu a validade do artigo 386 da CLT. No entanto, decidiu em favor da empresa, entendendo que a lei sobre o comércio deveria prevalecer por ser mais específica para o caso em questão. Norma mais favorável Inconformado com o entendimento, o sindicato recorreu para o TRT-SC, sustentando que o artigo 386 da CLT deveria ser aplicado ao caso, com base no princípio processual da “norma mais favorável”. A relatora na 2ª Turma do TRT-SC, desembargadora Teresa Regina Cotosky, acolheu o argumento, reformando a decisão de primeiro grau. No acórdão, a magistrada destacou que a proteção ao trabalho feminino prevista na CLT não é incompatível com as normas da Lei nº 10.101/2000. Isso porque, de acordo com a relatora, enquanto a lei regulamenta o trabalho no comércio em geral, o artigo 386 oferece uma proteção específica às mulheres, alinhada às diferenças fisiológicas que justificam a norma. “Ademais, entendo que a proteção legal ao trabalho desempenhado por mulheres não ocorre pela suposta fragilidade de seu sexo, mas é consequência das características naturais de seu organismo. Por conta das evidentes diferenças morfológicas e fisiológicas, a mulher tem seu trabalho protegido de forma especial, e não há notícia de que os dispositivos legais e regulamentares responsáveis por essa proteção tenham sido revogados pelos dispositivos e regramentos invocados”, frisou. Com a reforma da decisão, o supermercado foi condenado ao pagamento, às trabalhadoras, das horas extras referentes aos períodos de descanso não concedidos, com adicional de 100%. Os valores deverão refletir em...26/11/2020
Trabalho acadêmico dirigido por um engenheiro espanhol sugere que imunizar antes as pessoas com mais interações seria mais efetivo do que priorizar os grupos de risco Com as primeiras vacinas contra a covid-19 prestes a receber aprovação, o próximo desafio é distribuí-las e decidir quais segmentos da população devem ser os primeiros a recebê-las. Vários Governos europeus, incluindo o espanhol, indicaram que os grupos de risco (idosos e pessoas com patologias) serão priorizados. Um trabalho dirigido pelo espanhol Jorge Rodríguez, da Universidade Khalifa de Abu Dhabi (Emirados Árabes Unidos), questiona esse critério. Seu modelo sugere que dar prioridade às pessoas que mais interagem, como trabalhadores essenciais e jovens, multiplicaria a efetividade da vacina ao reduzir as infecções e a mortalidade tanto entre os vacinados como entre os que entram em contato com eles. “Nossos resultados contradizem os planos de vacinação à população geral e recomendam quase a sequência contrária por idades à que se está propondo”, afirma Rodríguez (Lugo, 1977) durante uma entrevista em Dubai, ao ar livre e de máscara. “Se a vacina também é eficiente contra a transmissão [da covid-19], nosso modelo indica, inequivocamente, que a vacinação prioritária aos grupos de população com mais interação poderia causar, em um país como a Espanha, enormes reduções em mortes totais em relação à vacinação por critérios de alta mortalidade”, resume. O engenheiro químico, que trabalha no modelo matemático de processos biológicos na Universidade Khalifa, evita dar cifras à diferença em número de mortos porque não quer soar alarmista. Mas uma olhada às tabelas do trabalho (ainda precisa ser revisado por pares) que ele dirigiu, junto com o epidemiologista colombiano Juan M. Acuña e o também engenheiro espanhol Mauricio Patón, mostra que falam de “dezenas de milhares” de casos em função de diversas variáveis como efetividade da vacina, nível de uso de medidas protetoras e ritmo de vacinação. O artigo em que explicam o modelo (elaborado com dados da Espanha) estima que uma priorização adequada pode reduzir as mortes em até 70%. Além disso, lhes surpreendeu que “para todos os casos, dar preferência aos grupos com maior mortalidade, mas menores interações sociais, levava a um número significativamente maior de mortes finais até mesmo se não fosse estabelecida nenhuma ordem”. “Por isso me preocupa. Não sei se [ao elaborar os planos de vacinação] foi levado em consideração esta alternativa ou se agiu por inércia. Quando comentei com outros cientistas me disseram que vai contra as premissas de saúde pública já elaboradas, mas nunca tivemos uma situação como a atual de escassez de vacinas”, afirma. Rodríguez sabe que os resultados que obtiveram são contraintuitivos. De modo que dá o exemplo da caixa: “Se temos 10 vacinas e 30 pessoas, a metade delas de idosos. Quem vacinamos primeiro? O senhor de 90 anos que...09/04/2020
Estabelecimento vai passar por uma desinfecção para poder reabrir O supermercado Imperatriz, situado na avenida Mauro Ramos, em Florianópolis,foi interditado na tarde desta quarta (8) pela Vigilância em Saúde da Prefeitura para que seja feita uma desinfecção no local. Segundo a Prefeitura, três funcionários do estabelecimento foram confirmados com Covid-19, e um deles está internado em estado grave. O trabalho de desinfecção iniciou no final da tarde, imediatamente após o fechamento da loja, e deve durar cerca de quatro horas. A previsão é de que o mercado reabra normalmente nesta quinta (8),a partir das 8h. Segundo o diretor de marketing do Grupo Imperatriz, Vidal Lohn, os três funcionários foram afastados do trabalho ainda no final de março, assim que apresentaram sintomas. Os três são do sexo masculino, sendo que o paciente em estado grave tem 31 anos. Os outros dois têm 24 e 26 anos, sendo que um está no hospital e o outro se trata em casa. Nenhum deles apresentava histórico de doenças relacionadas à gripe. Uma médica da empresa que está acompanhando a recuperação dos três decidiu nesta quarta (8) afastar do trabalho outros 11 trabalhadores, por medida de precaução, embora não tenham até o momento manifestado nenhum sintoma do coronavírus. Ainda conforme Vidal, técnicos da Vigilância em Saúde da Prefeitura que estiveram na loja da Mauro Ramos confirmaram que a empresa está trabalhando conforme as recomendações da Organização Mundial de Saúde, com todos os funcionários utilizando equipamentos de proteção. À noite, por volta das 22h, a direção do Grupo Imperatriz emitiu um comunicado oficial a respeito: Confira a íntegra da Nota: COMUNICADO A direção dos Supermercados Imperatriz, dentro de sua postura de transparência, confirma que, em comum acordo com a Vigilância Sanitária de Florianópolis, decidiu fechar sua unidade da Av. Mauro Ramos, na tarde desta quarta-feira, para desinfecção, em decorrência do diagnóstico de três casos de colaboradores com coronavírus (Covid-19). Neste momento, em que o mundo todo sofre com a pandemia, é importante que a população seja bem informada dos fatos. Por isso, tornamos públicas nossas ações: 1. Os três funcionários já estavam afastados de suas funções desde o mês de março, quando apresentaram sintomas leves da doença. Todos eles são homens, com 24, 26 e 31 anos (este último encontra-se na UTI). Nenhum apresentava comorbidades (não tinham nenhuma doença além do coronavírus). 2. A empresa contratou serviço especializado para que a loja seja total e rigorosamente desinfectada, trabalho realizado ainda na noite desta quarta-feira. Nesta quinta-feira (9), às 7h30, estará à disposição de nova avaliação da Vigilância Sanitária. Confirmada sua liberação pelo órgão competente, volta a ser aberta normalmente e com segurança. A médica do Imperatriz acompanha e colabora com todo o trabalho da Vigilância...