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O governo do Uruguai se prepara para solicitar ao Brasil arquivos sobre uruguaios mortos e desaparecidos no país nos anos da ditadura militar. A revelação foi feita na segunda-feira (27) ao jornal Estado de S. Paulo pelo ministro de Relações Exteriores do Uruguai, Luis Almagro, em Genebra.

Ao jornal, a ministra da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário, já indicou que o país está disposto a oferecer as informações que serão solicitadas pelos uruguaios. Na segunda-feira (27), na ONU, ela garantiu que haverá “”transparência plena”” sobre os documentos, mas não disfarçou o mal-estar ao ser questionada sobre a carta enviada por militares criticando sua postura em relação a como tratar o passado.

“”Precisamos ir no sentido contrário ao que os países da região fizeram nos anos da ditadura quando criaram a Operação Condor. Agora, precisamos ir no sentido inverso e usar o fato de que somos democracias para contribuir justamente na troca de informações””, disse Almagro.

Segundo o ministro, as investigações em Montevidéu já indicaram o desaparecimento de uruguaios em vários países da região, inclusive no Sul do Brasil. “”Vamos fazer um pedido de informações ao Brasil””, disse, sem dar detalhes dos casos.

O chanceler admitiu que já há casos identificados de uruguaios que desapareceram no Paraguai e diz que também vai pedir esclarecimentos. O Uruguai tem sido um dos líderes na busca por informações e abertura de investigações sobre sua ditadura, que durou de 1973 a 1985. O presidente José Mujica, ex-guerrilheiro, conseguiu mudar a legislação para tornar os delitos imprescritíveis.

Maria do Rosário, que ainda não havia sido informada da iniciativa dos uruguaios, não hesitou em colocar os arquivos à disposição. “”Estamos trabalhando no âmbito do Mercosul justamente para permitir essa troca de informações””, disse.

Assessores do governo estimam que existam informações sobre casos de uruguaios desaparecidos ou mortos no Sul do País, depois de suas identidades terem sido compartilhadas pelos regimes militares de Montevidéu e Brasília.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Publicado em 28/02/2012 -

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